Não haverá adepto benfiquista que não tenha sofrido uma forte desilusão com o comportamento da sua equipa em Guimarães.
E digo comportamento porque, na verdade, foi o comportamento dos jogadores que levou à perda dos primeiros dois pontos do campeonato – deixando assim o Benfica à mercê do FC Porto se este ganhar no próximo fim de semana, na hora de se jogar o clássico – que mancharam a pior exibição realizada até ao momento por via de uma incompreensível falta de intensidade e de “atitude de campeão”, ainda por cima frente a um adversário que não teve, por seu lado, a mínima capacidade de provocar aos encarnados outros embaraços que não fossem os de os enredar num teia defensiva que, vendo bem, nem sequer tinha malhas muitos estreitas.
Escrevi aqui, nestas páginas, que esta jornada nos iria, provavelmente, mostrar duas realidades um tudo nada escondidas pelos resultados – que o Braga não passa de um candidato-fátuo e que a equipa de Roger Schmidt ainda continua a ser visitada por muitos dos fantasmas que a apavoraram e a tornaram timorata nas últimas três épocas.
Algum dia o Benfica haveria de não ganhar. Curiosamente, caiu do seu ritmo duro e da sua capacidade de impor ao opositor o torniquete de carrossel ofensivo que, mais tarde ou mais cedo, redunda em golo. Em Guimarães voltámos a ver uma águia conformada, sem rasgo nem gana, ainda por cima na fase do campeonato em que nas duas últimas épocas começou a desmoronar-se.
Convenhamos que, depois de tamanha pobreza, defrontar o Paris Saint-Germain não é, como dizer?, saudável. Ou o conjunto e as suas principais unidades de desequilíbrio recuperam mentalmente até hoje à noite ou depois de se ter habituado a ganhar, ter aprendido a empatar, o Benfica ficará muito perto de saber o que é perder. O que, perante o poderio do adversário, não seria nada surpreendente, mas agravaria por certo os sintomas de que algo está a emperrar a máquina que já andou perto de um brilho muito intenso.
Semelhantes Se as diferenças individuais de uma e de outra equipa são gritantes, Benfica e PSG estão como que empatados no resumo deste início de época: duas vitórias para cada qual na Liga dos Campeões; apenas um empate cedido nos respetivos campeonatos.
Os anos têm passado, os milhões escorrido por entre os dedos, e o Paris Saint-Germain continua a falhar consecutivamente o grande objetivo para que tem vindo a ser construído: o de conquistar a Liga dos Campeões. De certa forma, já tantos foram os fracassos, uns mais dolorosos do que outros, que já ninguém os leva muito a sério na ordem de escalonar os favoritos para a vitória na prova.
Uma forte dissonância entre a super-qualidade de certos jogadores e a pseudo-qualidade de outros, faz com que o grupo agora dirigido por Christophe Galtier continue a revelar desequilíbrios que têm custos muito altos na hora de defrontar os “verdadeiros” candidatos, provando que esta é uma competição que respeita aqueles que têm história no lugar de levar ao colo os arrivistas erguidos de um momento para o outro à custa do petróleo (querem outro exemplo? O Manchester City).
Pelo menos nesse campo, o Benfica pode vestir o seu fato de gala e fazer tilintar no peito as suas sete finais dos Campeões. O problema é que não basta apresentar medalhas. É preciso ter a categoria de provar porque as merece.