A Rússia já não exerce o controlo total de nenhuma das quatro províncias anexadas na semana passada, Donetsk, Luganks, Kherson e Zaporijia, depois das tropas ucranianas avançaram dezenas de quilómetros em Kherson e de conquistarem ganhos adicionais no leste.
Os militares russos reconheceram que as forças de Kiev invadiram a região de Kherson, no sul da Ucrânia, acrescentando que as “unidades de tanques superiores” conseguiram “penetrar nas profundezas da defesa” russa em torno das aldeias de Zoltaya Balka e Alexsandrovka.
Estes comentários estão a ser interpretados como uma confissão de que a contraofensiva no sul da Ucrânia está a ganhar um ritmo dramático, dois meses depois de começar, escreve o Guardian.
As forças ucranianas parecem ter alcançado o seu maior avanço na região desde o início da guerra, rompendo a linha de frente e avançando rapidamente ao longo do rio Dnieper.
“Hoje, o movimento ofensivo do nosso exército e de todos os nossos defensores continuou. Há novas povoações libertadas em várias regiões”, disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
“Os combates ferozes continuam em muitas áreas da frente – mas a perspetiva destas hostilidades permanece óbvia – cada vez mais ocupantes tentam escapar, o exército inimigo sofre cada vez mais baixas e há um entendimento crescente de que a Rússia cometeu um erro ao ir para a guerra contra a Ucrânia”, afirmou.
As duas câmaras do Parlamento russo já ratificaram a adesão das quatro regiões ucranianas à Rússia, uma decisão condenada pela comunidade internacional e, esta terça-feira, o senado da Federação russa aprovou a incorporação. Estas regiões representam cerca de 18% do território ucraniano.
Contudo, parece ainda existir alguma confusão sobre onde foram traçadas as fronteiras das regiões de Kherson e Zaporijia.
A Rússia anunciou que vai “consultar” a população sobre a decisão, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que ainda não foi tomada nenhuma decisão oficial sobre esta matéria nestas duas regiões.
Segundo o representante do Kremlin, a Rússia reconhece as fronteiras das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk com base nas estabelecidas em 2014, quando o conflito ucraniano começou, mas em Kharkiv e Zaporijia “será consultada a população”.
Zelensky exclui negociações com Putin O Presidente da Ucrânia assinou um decreto declarando formalmente qualquer conversa de paz com o seu homólogo russo como “impossível”, mas deixando a porta aberta para conversas com a Rússia.
Este decreto formalizou os comentários feitos por Zelensky na passada sexta-feira, depois de Putin ter proclamado as quatro regiões como parte da Rússia. “Putin não sabe o que é dignidade e honestidade. Portanto, estamos prontos para um diálogo com a Rússia, mas com outro Presidente da Rússia”, disse o líder ucraniano.
O Kremlin reagiu a este decreto afirmando que Moscovo espera por uma mudança na posição da Ucrânia sobre as negociações de paz, acrescentando que “são necessários dois lados para negociar”.
“Vamos esperar que o atual Presidente mude de posição ou que o próximo Presidente mude de posição no interesse do povo ucraniano”, disse o Peskov a jornalistas.