O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista que o Governo português no que diz respeito ao crescimento do próximo ano. Isto porque na proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo antecipa que o país vai crescer 1,3% em 2023, mas a instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê que esse crescimento não vá além dos 0,7%. Ainda assim, Portugal estará acima da média da zona euro: 0,5%.
Já no que diz respeito a este ano, nas previsões económicas mundiais, o FMI prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 6,2% este ano em Portugal, um valor que representa uma melhoria face à estimativa de 5,8% em junho, e também próximo da previsão de 6,5% inscrita pelo Governo no OE2023.
O FMI prevê também um crescimento homólogo de 2,3% no quatro trimestre de 2022 e de 1,8% no quarto trimestre de 2023.
No que diz respeito à inflação, o fundo estima que a taxa, em Portugal, seja de 7,9% este ano e de 4,7%, valores que compara com os 7,4% e 4% previstos pelo Executivo.
Por sua vez, o saldo da balança corrente de Portugal dever ser de -1,1% do PIB este ano e de -0,4% do PIB no próximo.
No que diz respeito à zona euro, o FMI melhorou as suas previsões para este ano, prevendo um crescimento de 3,1%. No entanto, cortou nas estimativas do próximo ano e o crescimento não deve ir além dos 0,5%, menos 0,7 pp. do que previa anteriormente.
E diz que a média para a zona euro “esconde heterogeneidade entre os países”, dando como exemplos Itália e Espanha em que se regista uma recuperação nos serviços relacionados com o turismo e a produção industrial no primeiro semestre de 2022 contribuindo para o crescimento projetado de 3,2% e 4,3%, respetivamente, em 2022.
Mas alerta que o crescimento destes dois países deve desacelerar no ano seguinte.
Em pior estado estará a Alemanha, país para o qual o FMI prevê um crescimento de 1,5% este ano e uma recessão de 0,3% em 2023.
O fundo diz que este fraco crescimento está relacionado com os efeitos da guerra na Ucrânia, com os cortes do gás russo e com os aumentos das taxas de juro. “A invasão da Ucrânia pela Rússia continua a desestabilizar a economia global. Além da escalada e destruição sem sentido de vidas e meios de subsistência, levou a uma grave crise energética na Europa que está a aumentar drasticamente os custos de vida e a dificultar a atividade económica”, salienta.
E os números não são animadores. Diz o FMI que desde 2021 os preços do gás na Europa já cresceram mais de quatro vezes e, com a Rússia a cortar nas entregas, a perspetiva de escassez de energia no próximo inverno aumenta.
A nível mundial, o FMI manteve a perspetiva de crescimento deste ano em 3,2%, mas cortou, em 0,2 pp. a do próximo ano para 2,7%.
Guerra influencia crescimento
E os alertas chegam de todo o lado. Ainda esta terça-feira a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) alertou que os indicadores compósitos avançados apontam novamente para uma deterioração da situação económica nos principais países membros, com a exceção do Japão, e mais uma vez as perspetivas são particularmente negativas na Europa, devido ao impacto da guerra.