Irão condena Macron por apoiar protestos pela morte de Mahsa Amini

Porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, considerou que as declarações de Macron são de “interferência”, servindo para encorajar “pessoas e agressores violentos”.

O Irão condenou esta sexta-feira as declarações de Emmanuel Macron, Presidente de França, que expressou solidariedade para com os manifestantes revoltados com a morte de Mahsa Amini, depois de esta ter morrido na sequência da detenção feita pela polícia de moralidade daquele país.

Foi na quarta-feira, durante um programa do canal de televisão France 2, que o líder francês mostrou a sua "admiração" pelas "mulheres" e "jovens" que se têm manifestado desde o dia da morte da jovem curdo-iraniana de 22 anos. E frisou: "Muito claramente, a França condena a repressão levada a cabo hoje pelo regime iraniano.”

"Estamos ao lado daqueles que lutam por estes valores", insistiu o Presidente francês, garantindo "defender" e "apoiar" o que "está a acontecer no Irão".

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Em resposta, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, considerou que as declarações de Macron são de “interferência”, servindo para encorajar "pessoas e agressores violentos”.

Em comunicado, o responsável acrescenta que o Irão considera "surpreendente" que a França condene as forças de segurança iranianas que tiveram de lidar com "pessoas violentas e motins" ao mesmo tempo que ameaçou usar a força em resposta às "greves dos trabalhadores do setor do petróleo e do gás" em França.

"Esta é uma hipocrisia que prova mais uma vez que os direitos humanos, no dicionário de muitos governos ocidentais pretensiosos, não passam de um brinquedo e de uma ferramenta para atingir objetivos políticos e interferir nos assuntos de outros países", pode ler-se.

A morte da jovem provocou uma onda de protestos por todo o mundo, inclusive no país, em que mais de 100 pessoas foram mortas e centenas detidas, segundo organizações não governamentais.