Começou esta terça-feira julgamento de jovem suspeito de ter planeado ataque à Universidade de Lisboa

João Carreira foi detido a 10 de fevereiro deste ano por indicação do FBI. 

Começou esta terça-feira em Lisboa o julgamento do jovem de 19 anos suspeito de ter planeado um ataque terrorista à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. 

João Carreira foi acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de terrorismo, um dos quais na forma tentada, e de um crime de detenção de arma proibida. 

O jovem, detido no dia 10 de fevereiro de 2022, está em prisão preventiva desde 11 de fevereiro, tendo a medida de coação sido substituída por internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias, com o MP a alegar "forte perigo de continuação da atividade criminosa e um intenso perigo de perturbação da tranquilidade e da ordem públicas".

João Carreira foi detido após uma indicação do FBI, na véspera da data que tinha definido para executar um ataque no estabelecimento de ensino superior que frequentava. 

Foram apreendidas armas proibidas, nomeadamente uma besta e várias facas, assim como artigos "suscetíveis de serem usados na prática de crimes violentos" e vasta documentação, "além um plano escrito com os detalhes da ação criminal a desencadear", adiantou a Polícia Judiciária (PJ) numa nota divulgada na altura.

Segundo a acusação do MP, o estudante da Faculdade de Ciências começou a demonstrar interesse pelo fenómeno dos assassínios em massa quando tinha apenas 9 anos, sendo que, a partir de 2018, aos 14/15 anos, esse fascínio passou a uma "obesessão", por este tipo de conteúdos, que consumia de maneira "compulsiva" através de redes sociais e fóruns online como Discord, Reddit e Tumblr.

"O fascínio e a obsessão do arguido João Carreira por estas temáticas criou no mesmo, desde pelo menos final de setembro de 2021, uma vontade profunda de replicar e copiar tais atos violentos, executar um ataque/assassinato em massa e de suicidar-se ou vir a ser morto em seguida", considerou a procuradora Felsmina Carvalho Franco no despacho de acusação, onde sublinhou que o ataque só não ocorreu devido à intervenção das autoridades. 

João Carreira apresentava, à data dos factos, as anomalias "psíquicas de perturbação do espetro do autismo, sem perturbação do desenvolvimento intelectual e com nulo a ligeiro défice na linguagem funcional, e de episódio depressivo, sem sintomas psicóticos", sendo que esse quadro psicológico poderá ter sido agravado pelo ressentimento devido às suspeitas de plágio que recaiam sobre no âmbito de um trabalho académico. 

A procuradora considera que existe um risco de o jovem poder "sentir novamente o mesmo desejo de matar pessoas e de morrer e que tal ocorra num momento e em circunstâncias em que as autoridades não consigam atuar de forma a travar o comportamento do arguido".