por Bernardo Theotónio-Pereira
Jurista e Empresário
Na verdade, foram ideologias políticas, apesar de nacionalistas, assentes no socialismo que fabricara, este tipo de regimes totalitários.
O nazismo, oficialmente nacional socialismo, nasce na Alemanha na década de 20 do século passado através do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Foi uma experiência política devastadora, apesar do início, para muitos, parecer aparentemente, empolgante. Este regime socialista e totalitário nada teve ou tem a ver com os valores ou as ideologias de direita.
O fascismo, outra variante totalitária europeia, nascida em Itália (Partido Nacional Fascista) e assente num líder de raiz socialista (Partido Socialista Italiano), cuja ideologia assentava no statement: «tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado». Que demonstra bem o síndrome do Estado que tudo tem, tudo gere e que tudo controla é raiz ideológica destes regimes populistas e nacional socialistas.
Há, de facto, um erro histórico na ligação e semelhança destas ideologias históricas com a direita. Trata-se de uma ‘narrativa’ (como referia um ex-primeiro-ministro de Portugal) para além de errática, factualmente falsa, que confunde e que está totalmente enviesada.
Não será afinal um socialista ou um comunista também um social fascista? Não será o Fórum de São Paulo, que tem prejudicado a América Central e Latina, um exemplo também de social fascismo? E não teremos também atualmente na Europa fascistas socialistas que se empenham na concretização da máxima «tudo no Estado (…) nada fora do Estado», aplicando-se apenas o ‘nada contra’ ao interesse corporativo e/ou grupos ou dos respetivos partidos? Infelizmente, penso que sim. Aliás, como referia Vasco Pulido Valente em setembro de 2015, «quando se raspa um socialista acaba sempre por se encontrar um tiranete».
Talvez tenha chegado a hora de chamarmos os ‘bois pelos nomes’ e de compararmos, de uma vez por todas, o que pode e deve ser comparado, sem misturarmos o que é absolutamente diferente.
Porque, fazê-lo, se trata acima de tudo de rigor histórico e princípio de honestidade intelectual.
Colar este tipo de ideologias a ideias de direita tem sido o maná das esquerdas e infelizmente também das esquerdas ditas democráticas.
Estes rótulos propositados pretendem instigar o medo e minar os princípios e ideias mais abertas, mais livres e menos estatistas.
Essa tem sido a estratégia, bem conseguia aliás, ao jeito de Maquiavel no ‘Príncipe’, das ideologias de esquerda, cada vez mais ultrapassadas, se terem conseguido, até hoje, perpetuar no poder influenciando decisivamente o mainstream.
Eu assumo que sou por Portugal e pelos portugueses (incluindo instituições e empresas); por uma Europa das Nações e do bem comum; pela instituição Família; pela dignidade e respeito de cada indivíduo como ser único e irrepetível de viver a sua Vida de forma livre; pela criação sistemática de valor; por um Estado sério, regulador, profissional, exigente, competente e eficiente (por isso muito menor); pelo reforço do poder local e da valorização do interior; pelo fomento sistemático da iniciativa privada; pelo respeito, pelos costumes e pelos valores da maioria (ao invés da atual ditadura das minorias); pela democracia justa e do Bem Comum como primado; e pela certeza do igual valor entre know-how e capital, como nos ensinou o Papa Leão XIII em Rerum Novarum.
Se ser isto é ser de direita, que assim o seja. Mas não serei, certamente, nem fascista, nem nazista e, por isso, tão pouco, socialista ou comunista. Sou apenas um português que pensa e quer ainda mais e melhor para e por Portugal.