“Todas juntas e todos juntos somos a revolução”, diz ativista Francisca de Magalhães Barros

“O que se está a passar precisa de ser ampliado um milhão de vezes por todas as Mahsas Aminis que já perderam a vida, em nome da sua liberdade!”, pede a ativista dos direitos humanos.

"Um dos maiores movimentos revolucionários está a acontecer no Irão, neste momento, liderado por mulheres e homens de diferentes idades e crenças. É uma revolução. E como todas as revoluções todas as vozes são necessárias e precisam de ser ampliadas. É um movimento que luta pelos direitos humanos, contra o regime islâmico brutalmente opressivo e agressivo", começou por explicar Francisca de Magalhães Barros, ativista dos direitos humanos, aquando da criação do vídeo onde apelava a que todas as pessoas se juntassem a ela num movimento iniciado por várias entidades iranianas e ampliado pela mesma, pois a comunidade iraniana em Portugal pediu-lhe ajuda.

"Queimar o hijab e cortar o cabelo não é só o que todas as mulheres fazem. Elas e eles lutam contra a tortura, os casamentos infantis, a corrupção, o abuso de poder, os homicídios indiscriminados até de crianças. Enquanto ativista dos direitos humanos do meu país, não conseguiria ficar quieta: esta é a nossa mensagem: todas juntas e todos juntos somos a revolução. Obrigada a todas e todos que lutam pelo mesmo que eu", esclareceu e frisa agora ao Nascer do SOL, dizendo, em exclusivo: "Obviamente que, quando é feita uma revolução de tamanhas dimensões, a voz dessa mesma revolução tem de ser ampliada por todos os países. Acho que se juntaram todas as vozes numa só", declara a ativista que obteve mais de 42 mil visualizações no vídeo que criou.

"Rui Pereira, Garcia Pereira, Dulce Rocha, Nuno Markl, Diana Bouça-Nova, Tânia Ribas de Oliveira, Vasco Gargalo, Sónia Tavares, João Reis, Diogo Calado, Ricardo Raposo, Ivo Canelas, Marisa Liz e Diogo Branco são as personalidades a quem tenho de agradecer profundamente por todo o auxílio que me prestaram nesta campanha", sublinha. "Fui contactada pela comunidade iraniana em Portugal e jamais ficaria calada. Já antes disso, tinha falado sobre o brutal regime sob o qual se vive no Irão. O que se está a passar precisa de ser ampliado um milhão de vezes por todas as Mahsas Aminis que já perderam a vida, em nome da sua liberdade!", pede a também cronista e pintora, concluindo "Liberdade sempre! Mulher. Vida. Liberdade e em persa زن زندگی آزادی". Francisca refere-se à jovem de 22 anos que morreu no Irão, a 16 de setembro, quando se encontrava há três dias detida, sendo que os seus pais, no fim desse mesmo mês, apresentaram queixa contra os polícias que detiveram a filha.

Esta notícia foi avançada pelo advogado da família, Me Saleh Mikbakht, que pediu "ao procurador-chefe e ao juiz de instrução para realizar uma investigação detalhada sobre como ocorreu a detenção, até que Mahsa fosse transferida para o hospital". O mesmo exigiu às autoridades "todos os vídeos e fotos" disponíveis sobre o processo de intervenção policial. Mikbakht adiantou ainda que a procuradoria iraniana já "prometeu que o caso será tratado minuciosamente e que todos os pedidos serão tidos em conta".

Importa lembrar que Mahsa Amini foi presa dia 13 deste mês em Teerão, capital iraniana, por, segundo acusou a polícia dos costumes, "trajar roupas inadequadas". Naquele país é obrigatório cobrir o cabelo em público, sendo que a autoridade fiscaliza também as mulheres que usam casacos curtos (ou seja, acima do joelho), calças justas e com buracos, além de roupas coloridas. A jovem perdeu a vida a 16 de setembro, três dias depois de ser detida num hospital, segundo reportou a televisão estatal e a família da vítima.

Há uma semana, a Iran Human Rights noticiava que, pelo menos, 215 pessoas haviam morrido desde o início dos protestos contra a morte de Amini.