GUAYAQUIL – O aeroporto José Joaquim de Olmedo parece uma feira. Ontem chegaram a Guayaquil, esta cidade do Equador bem diferente dos altos e baixos da capital Quito, perdida entre montanhas, assim para o tropical, não tivesse o Pacífico aí bem perto, mais de 8000 pessoas, uma cegarrega que faz com que as autoridades locais esfreguem as mãos de contentes pela expectativa do impacto económico que virá da organização da final da Taça dos Libertadores da América, cem por cento brasileira e cem por cento a vermelho e preto pois são esses os tons dos dois clubes frente a frente, o gigantesco Flamengo que ainda há três anos conquistou esta copa com Jorge Jesus ao comando e o bem mais humilde Athletico Paranaense, assim mesmo com agá, que o nosso querido e velho amigo Luiz Felipe Scolari trouxe até ao Estádio Monumental Isidro Romero Carbo à custa de um futebol de faca na liga – tão à imagem da Libertadores, benza-o Deus –, deixando na meia-final precisamente o Palmeiras de Abel Ferreira, vencedor das duas últimas edições.
História Tenho falado nos últimos dias com o antigo selecionador nacional, que se viu recentemente entalado em dois jogos pouco felizes para o Brasileirão, contra Flamengo e contra Palmeiras, e ele não esconde a alegria de se apresentar pela quarta vez na final da maior prova de clubes da América Latina, recordista brasileiro por já ter jogado uma com o Grêmio, em 1995 (que ganhou), e duas pelo Palmeiras, em 1999 (ganhou) e 2000 (perdeu).
Apesar de todo o favoritismo com que o Flamengo chega a esta final, apesar da bem maior categoria dos seus jogadores, Felipão – que chega esta manhã a Guayaquil com a sua equipa – tem o sonho legítimo de entrar para a história ao tornar-se o primeiro treinador a conquistar a Libertadores por três clubes diferentes.
As suas palavras mais recentes, foram direitas ao coração dos adeptos paranaenses, como ele tanto gosta : “Sinto da parte deles uma energia extraordinária! E com essa energia podemos vencer”. Na véspera, ao telefone, assumiu com um toque de saudosismo: “Seria a forma mais bela de jogar a minha última final – vencendo-a. Mas o trabalho que fizemos até aqui tem sido fantástico!”
Falaremos com mais tempo, logo à tarde, sobre como o vulcão vermelho e negro do Monumental vai vomitar lava a partir das 15h00 locais deste sábado. São esperados mais de 50 mil adeptos e espera-se uma festa bem diferente das que estamos habituados no futebol europeu. Os adeptos brasileiros, neste caso, porque a festa é deles, são bem mais caóticos é imprevisíveis.
Para já, espalham-se pelas esplanadas de La Alborada e de La Atarazana, vestindo as suas camisolas vermelhas e negras, cada um que descubra que clube apoiam. Luiz Felipe Scolari prefere o sossego do chá mate ao fim da tarde.
Afinal, a sua longa carreira de treinador já espreita o poente. Talvez aceite o cargo de diretor-técnico que o Athletico lhe quer dar para o ano. Ou talvez ainda seja capaz de nos surpreender outra vez. Até a nós, seus sempre dedicados amigos.