Laurinda Alves renunciou ao mandato de vereadora com o pelouro dos Direitos Sociais na Câmara Municipal de Lisboa. Não desistiu, não voltou as costas a Lisboa, não se desprendeu das pessoas. Aliás, se há um traço que marca o percurso de Laurinda Alves é precisamente a humanidade, a entrega e o empenho que põe em tudo o que faz e nas causas que defende.
Hoje já é público: a covid-19 atacou-a. E não foi fácil. Só quem desconhece a exigência da função de vereador, para mais em Lisboa, só quem não tem noção da intensidade das tarefas de quem tem o encargo do pelouro com as questões sociais na capital, pode achar que é possível desempenhar adequadamente a função sem estar (ainda) a 100%.
A Laurinda Alves assumiu, há um ano, um compromisso com a cidade e fê-lo com os mais frágeis, com aqueles que mais precisam de apoio e de acompanhamento. Alguém com o seu perfil, não abandona esta missão de ânimo leve e revela, nesta decisão, responsabilidade e desprendimento.
Também lamento esta circunstância. Pela decisão difícil que tomou, pela importância do seu papel no governo da cidade e pela consideração que me merece.
No período em que assumiu a responsabilidade dos assuntos sociais na Câmara de Lisboa revelou compromisso, determinação e coragem no serviço à comunidade e na preocupação com o próximo. Uma preocupação com as grandes e com as elementares questões, com igual empenho nos problemas coletivos ou nos de ‘apenas’ uma pessoa. Preferiu a discrição à publicidade, focada em resolver problemas. E não foram poucos.
Durante o escasso ano de mandato, marcou a ação do município junto dos mais vulneráveis. A operação de apoio aos refugiados ucranianos com a sua coordenação no acolhimento, integração e articulação com outras instituições revelou uma capacidade exemplar de solidariedade. O trabalho com as pessoas em situação de sem-abrigo foi notável na qualidade do apoio e no aumento da capacidade do município em acolher. A aposta no reforço da rede social, comprometendo as demais entidades que têm obrigações nesta área, foi determinante. A defesa intransigente da multiculturalidade e a repulsa a atitudes racistas ou xenófobas foi exemplar.
Laurinda Alves, católica assumida, demonstrou o sentido cristão da prática política. Mais do que proclamações ou exibições, revelou humanismo e generosidade na ação.
Talvez esta atitude e a eficácia do seu desempenho tenham provocado a reação, tantas vezes desproporcionadamente agressiva, dos partidos de esquerda. Laurinda Alves demonstrou que as preocupações sociais estão longe de ser monopólio da esquerda e que é possível fazer mais e melhor pelos outros sem preconceitos ideológicos, com simplicidade e com genuinidade. Talvez este facto tenha irritado tanto a esquerda.
Laurinda Alves tem um percurso notável de empenho em causas sociais e de cidadania. A sua passagem pela política autárquica demonstrou que a política que importa é aquela que constrói o bem comum.
Laurinda Alves é inspiradora de boas ações e faz falta a Lisboa e à política.