Se há ferrovias desativadas em Portugal, então o melhor é dar-lhes uma nova vida, uma nova atividade. E isso tem acontecido. O Plano Nacional de Ecopistas (PNE) foi criado em 2001 e tem como principal objetivo requalificar e reutilizar as linhas e ramais sem exploração ferroviária.
Segundo os dados da Infraestruturas de Portugal enviados ao i, de acordo com a IET 50, o total de Rede Ferroviária Nacional sem exploração é de 1094 quilómetros.
Aos dias de hoje, existem, em toda a ferrovia nacional, um total de 13 ecopistas em funcionamento – independentemente de os troços elegíveis estarem parcial ou totalmente concluídos –, a que correspondem 34 contratos ativos (31 com municípios e três com CIM-Comunidades Intermunicipais e que abrangem 20 linhas e/ou ramais sem exploração. Destaque ainda para 658 quilómetros de plataforma de via (existem ainda 48 quilómetros que foram alienados a favor de alguns municípios).
Há também 288 quilómetros concluídos e em funcionamento, 201 quilómetros em projeto e 34 quilómetros em obra.
Assim, onde antes passava o comboio, hoje anda-se de bicicleta ou a pé. Aliás, a própria IP Património assim o explica: Ecopistas “são vias de comunicação autónomas, reservadas a deslocações não motorizadas e que permitem percursos turísticos, desportivos, educativos e de sensibilização ambiental, para a prática de passeios pedonais, em bicicleta, cadeira de rodas, patins e outros meios de mobilidade suave”.
Em Portugal há 13. A norte do país existe a ecopista da Maia, que aproveita um pequeno troço da desativada Linha de Guimarães que não foi ocupada pelo Metro do Porto. A ligação à estação do metro de Mandim, junto ao antigo apeadeiro ferroviário com o mesmo nome, promove a intermodalidade do sistema de transportes, explica a IP Património.
Depois segue-se a ecopista de Famalicão que tem um trajeto de mais de 29 quilómetros. O trajeto é simples, sem declives ou curvas. “O antigo Ramal de Famalicão permite uma ligação muito direta entre a serra e o interior rural – Vila Nova de Famalicão – e o litoral atlântico – Póvoa de Varzim”, avança a IP Património.
Ainda a norte, é possível passear pela via de Guimarães que conta com um percurso essencialmente urbano dentro do concelhio de Guimarães e mais rural no concelho de Fafe.
A de Mora conta com um trajeto que além de proporcionar a visita a pontos de interesse cultural da cidade de Évora, cujo centro histórico foi declarado Património Mundial da UNESCO, permite desfrutar da magnífica paisagem da planície tipicamente alentejana.
No Alto Alentejo este é um projeto diferenciador porque se situa num troço desativado da Linha de Évora (ex-Ramal de Portalegre) e constitui um “produto turístico” ligado ao turismo de natureza, que beneficia das já recuperadas Estações de Fronteira e Cabeço de Vide, entre as quais o troço já executado faz ligação.
Já a do Corgo, resulta da recuperação de parte da antiga linha ferroviária do Corgo, que liga Régua a Chaves. Atualmente, só começa em Abambres, concelho de Vila Real e prolonga-se para norte em direção a Sabroso, concelho de Vila Pouca de Aguiar.
A do Dão é das maiores: situada no antigo Ramal de Viseu (ex-Linha do Dão) e inaugurada em julho de 2011, atravessa os concelhos de Santa Comba Dão, Tondela e Viseu e situa-se nas margens do Rio Dão e do Rio Pavia.
Segue-se a do Minho que foi premiada com várias distinções, entre as quais o Prémio da 3.ª Melhor Via Verde da Europa nos 8th European Green Awards, que se realizou na Irlanda em 2017, e que segue o traçado do desativado Ramal de Monção.
Há ainda a ecopista do Montado que conta com um percurso totalmente reabilitado junto à natureza e desviado dos aglomerados populacionais.
Mais a Sul a do Montijo que desenvolve-se entre a zona urbana de Pinhal Novo, em Palmela e a zona urbana da cidade e sede de concelho.
A do Sabor, entre Pocinho a Carviçais e Sendim a Duas Igrejas, está dividida em dois troços nos concelhos mais extremos da antiga Linha do Sabor e a do Tâmega é, claro, marcada pelo Rio Tâmega, muitas vinhas e o bem conhecido Alto da Senhora da Graça.
Já a ecopista do Tua fica no troço desativado da Linha do Tua e atravessa os Municípios de Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
Por fim, falemos da ecopista do Vale do Vouga que segue o traçado do antigo Ramal de Viseu (ex-Linha do Vale do Vouga) com os únicos troços em funcionamento inseridos nos concelhos de Viseu e de Sever do Vouga.