Com situações problemáticas em mãos, como a troca de cadáveres no Hospital de Faro ou a afluência elevada ao Hospital de Santa Maria devido a doenças respiratórias, o ministro da Saúde anunciou ontem, para 2023, o desenvolvimento de novas redes de urgências metropolitanas. O objetivo é que estas repliquem, na capital, daquilo que foi feito, no Porto, há cerca de dez anos.
A novidade foi dada por Manuel Pizarro na audição conjunta nas comissões parlamentares de Orçamento e Finanças e Saúde, no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2023, cuja votação final global está agendada para 25 de novembro, sendo que, na ótica do ministro, esta medida permitirá “uma melhor gestão de recursos, facilitando o acesso das pessoas” às urgências.
Na audição, o ministro disse que está igualmente prevista a reformulação das redes de referenciação hospitalar para saúde materna e infantil, assim como para a generalidade das especialidades hospitalares. O dirigente realçou igualmente que este Orçamento constitui um “fortíssimo investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, representando um contínuo do “esforço que tem sido feito desde 2016”.
“Temos um orçamento reforçado que gera expectativa e confiança contra os profetas da desgraça, que só falam do SNS para o vilipendiar e menorizar”, declarou, não se esquecendo de salientar que o “Governo acredita profundamente” no novo modelo de governação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) “isento de dificuldades”. A 2 de novembro, depois de ter sido nomeado pelo Governo para diretor executivo do SNS, Fernando Araújo entrou em funções.
A criação de uma direção executiva é novidade e insere-se na profunda alteração à orgânica do SNS que está a ser levada a cabo pelo Governo para a área da Saúde. Nos próximos três anos, o ex-presidente do Hospital de São João, no Porto, irá coordenar a resposta das várias unidades de saúde do SNS, garantindo simultaneamente um melhor funcionamento em rede, o que passa por adaptar e otimizar a capacidade de resposta das várias instituições às necessidades em saúde dos portugueses.
Esta direção passa também a coordenar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e a Rede Nacional de Cuidados Paliativos, o que permite acompanhar de forma global as respostas aos utentes nos vários ciclos de vida, um objetivo do Ministério da Saúde.
Caos no Santa Maria Ao início desta terça-feira, o tempo de espera oficial nas urgências do Hospital de Santa Maria era, em média, de nove horas e havia quem esperasse entre 20 e 24 para ser visto por um médico. Por aquilo que se sabe, tal aconteceu devido ao aumento da procura do serviço de urgências desta instituição hospitalar.
Em comunicado enviado à CNN Portugal, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra o Hospital de Santa Maria, esclareceu que o serviço de Urgências e Internamentos está em “grande pressão” e apela “às pessoas com situações menos graves que se dirijam a respostas nos Cuidados de Saúde Primários”. Adiantou também que o CHULN registou um “aumento de afluência aos seus serviços de urgências, com médias diárias de casos a variar entre os 650 e os 700 episódios de urgências no conjunto do centro hospitalar”.
“Na última segunda-feira, dia 7 de Novembro, o CHULN atendeu um total de cerca de 700 episódios de urgências, valores em linha com os registados no mesmo período de 2019, no pré-pandemia”, lê-se na nota enviada àquele canal, sendo acrescentado que “o perfil dos utentes a chegar à urgência central do Hospital de Santa Maria aponta para um quadro de doentes mais complexos (amarelos), muitos deles de outras áreas da região de Lisboa e com descompensação de doenças de base. Doentes que pela sua complexidade implicam diagnósticos mais diferenciados, múltiplos exames, muitas vezes com necessidade de procurar informações clínicas (por serem de outras áreas de influência)”.
Ao final do dia, sabia-se que a maioria dos doentes estava infetada com vírus respiratórios.