Seguranças do Estádio de Alvalade – onde decorria o jogo entre Portugal e Nigéria – impediram esta quinta-feira uma ação de solidariedade para com os trabalhadores migrantes do Qatar levada a cabo pela Amnistia Internacional Portugal.
“Foi com tristeza e pesar que a Amnistia Internacional Portugal viu hoje ser restringida uma ação de solidariedade para com os trabalhadores migrantes no Qatar pelos seguranças no estádio de Alvalade, aquando do jogo entre a seleção portuguesa e a Nigéria, na preparação para o Mundial do Qatar”, disse a organização, em comunicado enviado às redações.
Foram distribuídas “cerca de mil camisolas amarelas da ‘Fortotten Team’ (a equipa esquecida), em solidariedade para com os milhares de trabalhadores que sofreram abusos de direitos humanos e perderam a vida para que a realização do mundial fosse possível”.
Porém, pouco tempo depois, a equipa “recebeu informação por parte de alguns adeptos que os seguranças no estádio estavam a obrigar as pessoas a tirar e a entregar-lhes as camisolas”.
Para comprovar a veracidade do que estava a acontecer, a equipa de ativistas também tentou “entrar "com as t-shirts, “tendo-lhes sido dada a mesma indicação: que apenas poderiam entrar se despissem as camisolas e as deixassem fora, colocando-as no lixo. Por fim, os seguranças recusaram-se a restituir as camisolas abandonadas aos ativistas da organização”.
Os seguranças justificaram a ação, respondendo às pessoas que estão a seguir indicações da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a quem a Amnistia Internacional Portugal já pediu esclarecimentos.
Em declarações à agência Lusa, fonte da FPF explicou que a organização do encontro, a cargo da UEFA, não tinha sido informada da iniciativa, atribuindo esta ação a “alguns seguranças com excesso de zelo”. A mesma fonte adianta ainda que, a partir do momento em que a federação soube do caso, outros adeptos já puderam entrar no estádio com as camisolas, defendeu.
“Esperamos que tudo não passe de um mal-entendido e que a Federação Portuguesa de Futebol possa esclarecer ou dissociar-se deste triste episódio de falta de respeito pela liberdade de expressão dos adeptos da nossa seleção”, considerou Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal.