Ficou marcada para o dia 19 de dezembro a leitura do acódão do julgamento de João Carreira, o jovem de 19 acusado de planear um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Durante as alegações finais, o advogado do jovem, Jorge Pracana, pediu a absolvição do arguido do crime de treino para terrorismom mas disse aceitar que o coletivo de juízes "faça justiça" em relação ao crime de posse de arma proibida imputado pela acusação.
De acordo com o advogado, o estudante "não tinha capacidade, nem ia realizar o ato" terrorista de que está acusado, refutando, por isso a tese do Ministério Público (MP) de que houve "a intenção" de praticar naquela faculdade um homicídio em massa.
"Tudo não passou de uma representação para João Carreira", disse o advogado, explicando que o jovem vivia num mundo virtual e que todas as armas apreendidas se destinavam "apenas a serem exibidas em salas de conversação na Internet".
A defesa de João Carreira invocou ainda o seu isolamento familiar, uma vez que este vivia sozinho em Lisboa, o facto de estar a vivenciar uma fase diferente da sua vida ao entrar para a universidade, e o facto de os seus novos colegas não conhecerem o seu problema de saúde, o que agravou o seu estado.
Jorge Pracana considerou a pena de prisão efetiva pedida pelo MP "desmedida e injusta", tendo em conta a idade do jovem, o facto de este não ter registo criminal e, em especial, o seu estado de saúde (depressão em que se encontrava quando foi detido pela Polícia Judiciária, sendo que o jovem sofre também de autismo).
O MP pediu que a condenação do estudante fosse de uma pena não inferior a três anos e meio de prisão efetiva em estabelecimento prisional com acompanhamento psiquiátrico.
Nas alegações finais, a procuradora Ana Pais referiu ainda que, tendo em conta os factos confessados pelo arguido, João Carreira deverá ser condenado naquela pena de prisão pelos crimes de treino para terrorismo (da lei do terrorismo) e detenção de arma proibida.
Segundo o plano desmantelado pela PJ, o estudante planeava levar a cabo a ação terrorista no dia 11 de fevereiro deste ano. Contudo, já tinham sido marcadas outras datas, acabando sempre o jovem por não ser capaz de concretizar o planeado.
Após ser detido pela PJ, João Carreira ficou em prisão preventiva, tendo a medida de coação sido rapidamente substituída por internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias.