por João Sena
O torneio realizado no Médio Oriente apresentas muitas particularidades, uma das quais o facto de ser o último Mundial de Cristiano Ronaldo (37 anos) e Lionel Messi (35 anos). Os dois ídolos foram extremamente importantes para as suas seleções em determinados momentos, mas a história aproxima-se do fim. O capitão da Seleção nacional já marcou lugar para o Euro 2024, mas não falou no Mundial 2026, e Messi fez saber que deixa a seleção a seguir ao Qatar. As duas figuras marcaram o futebol mundial na última década e meia, numa luta eterna, gigante e apaixonante. Tinham pressa em ser famosos e nenhum queria ficar para trás, só que o tempo não pára. Daqui a algumas décadas, quem gosta de futebol vai-se lembrar da genialidade, dos golos fantásticos e das jogadas de sonho destes rapazes. Como escreveu Jorge Valdano, ex-campeão mundial pela Argentina, “Messi é um génio e Cristiano um fenómeno”, uma bela definição para dois símbolos do ‘beautiful game’. O internacional português é um jogador expressivo, dedicado e uma máquina de fazer golos. O craque argentino é discreto, tímido até, e o seu futebol encanta qualquer um. Dá gosto vê-los jogar, que bom seria ver esta dupla com a mesma camisola. À falta disso, fica a esperança de que se possam encontrar num qualquer estádio do Qatar, numa fase adiantada da competição. Seria um adeus perfeito. Há pontos em comum entre as duas maiores estrelas do torneio. Ronaldo e Messi são capitães de equipa, as suas seleções estão entre as favoritas, foram eleitos várias vezes o melhor jogador do mundo, mas nunca venceram um Campeonato do Mundo. Já ganharam tudo o que havia para ganhar a nível de clubes, mas nas seleções a situação é diferente. Nenhum deles faz a diferença num Mundial, Ronaldo nunca conseguiu imitar o Eusébio de 1966 e Messi foi incapaz de replicar o Maradona de 1986.
Cristiano Ronaldo estreou-se na Seleção principal em 2003, fez 191 jogos e marcou 117 golos – é o maior goleador na história das seleções – e tem 112 vitórias com as cores de Portugal. Ganhou o campeonato da Europa em 2016 e a Liga das Nações em 2019. O argentino joga pela seleção ‘alviceleste’ desde 2005, disputou 166 jogos e marcou 91 golos – é o terceiro melhor marcador por seleções. Messi chegou às 100 vitórias com a sua seleção nacional. No palmarés apresenta a vitória na Copa América, em 2021, e já este ano venceu a Finalíssima. Antes disso tinha brilhado na seleção de sub-20 com o título mundial em 2005 e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.
O Qatar é a derradeira oportunidade no caminho para a glória, os dois vão dar tudo para chegar ao título que lhes falta a nível de seleção. Se vencerem podem acabar a carreira com a consciência de que ganharam tudo pelo seu país, se perderem, não são os únicos. Grandes jogadores com Zico, Johan Cruyff, Roberto Baggio, Puskás, Platini, George Weah e David Beckham não nunca tiveram a oportunidade de levantar o tão desejado troféu, que só os jogadores e chefes de Estado podem tocar.