O míssil que caiu na Polónia e matou dois cidadãos polacos é da Rússia. Não terá sido disparado pelos russos, mas foi disparado para defesa de mísseis disparados pela Rússia.
Podemos fazer um exercício mais elementar: se não houvesse guerra, dito de outra forma, se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia, iniciando uma guerra, este míssil não teria sido lançado.
A atual encontra-se numa fase particularmente severa. De forma cobarde e bárbara, a Rússia está a bombardear deliberadamente todas as infraestruturas que garantem os recursos elementares de sobrevivência dos ucranianos, especialmente relevantes quando se aproxima o inverno que é rigoroso naquela região. É bárbara porque pretende infligir sofrimento e até a morte a todo o povo. É cobarde porque atinge sobretudo população civil.
Nas últimas semanas, centenas de mísseis, numa cadência quase diária, são disparados pela Rússia um pouco por todo o território ucraniano. Não fora resistência e organização das Forças Armadas ucranianas e os sistemas de defesa que têm sido fornecidos pela coligação ocidental e os danos seriam ainda mais devastadores.
A grande maioria dos ataques de mísseis russos têm sido, felizmente, travados através da intercepção por outros mísseis dos sistemas de defesa ucranianos.
Mas tal como a defesa contra os mísseis não é 100% eficaz na intercepção, também podem ocorrer erros ou então, como resultado de uma intercepção podem os destroços atingir zonas inesperadas que provoquem danos colaterais. Poderá ter sido o caso do míssil que caiu na Polónia, junto à fronteira com a Ucrânia.
O facto de ser um míssil de fabrico russo não é sinónimo de autoria do lançamento ser da Rússia dado que a Ucrânia também utiliza estes mísseis.
Mas a Rússia é responsável pelos danos que provocou porque é a responsável pela guerra em curso.
Neste contexto, chega a ser patético, para não dizer repugnante, que a Rússia tenha ensaiado inventar uma tese de que tinha sido a Ucrânia a disparar o míssil para incriminar a Rússia. É ridículo e inverosímil dado que as Forças Armadas ucranianas têm revelado ponderação e responsabilidade.
Mas não estamos livres de um ataque deliberado da Rússia a territórios de outros países. Mesmo sem a cobertura do Kremlin ou, pelo menos, assumida, um erro de calculo pode provocar um disparo que atinja outro país ou pode resultar de um militar russo que, perturbado, tome uma atitude inusitada.
O que é certo é que a guerra se encontra numa nova fase e a Ucrânia necessita de ajustar a sua defesa, nomeadamente em relação aos meios de defesa aérea. Para tal, precisa de meios fornecidos pelo ocidente.
E os Aliados têm de se preparar para as tentativas de criar ruído e desconfiança entre os Estados, procurando promover instabilidade.
A Ucrânia precisa novamente de apoio dos Aliados.