O país é muito pequeno, mas não tem faltado espaço para as polémicas. A atribuição da realização do Mundial’22 ao Qatar decidiu-se há 12 anos, mas é na contagem decrescente para o apito inicial que as críticas têm subido de tom. As mortes e as denúncias de trabalho escravo e maus tratos contra trabalhadores, as afirmações recentes de um dos embaixadores a classificar a homossexualidade como ‘um distúrbio mental’, aproveitando o tempo de antena para lembrar que todos são bem-vindos ao país desde que tenham a consciência de que ‘têm de aceitar as regras’ e, mais recentemente, a denúncia de dois jornalistas dinamarqueses, ameaçados pelas autoridades num momento em que faziam uma reportagem pelas ruas de Doha – os repórteres em questão adiantaram depois que receberam um pedido de desculpas e a justificação de que tinham sido ‘interrompidos por engano’.
As sucessivas polémicas deixam a prova ainda mais sob fogo a 24 horas da seleção anfitriã dar o pontapé de saída. E o boicote, de resto, estendeu-se às estrelas internacionais, com Rod Stewart a recusar um milhão de euros para atuar na abertura do Campeonato do Mundo. Shakira também dava indicações de que iria ficar fora de campo. E a cantora britânica Dua Lipa já tinha confirmado a sua indisponibilidade, adiantando que irá apoiar Inglaterra ‘à distância’.
Não sabemos se este apoio passa por assistir aos jogos da sua seleção, mas também há cada vez mais vozes a posicionarem-se nesse sentido, ou seja, em desligar a televisão sempre que se tratar da transmissão dos jogos do Mundial.
Não adiantará de muito e as audiências deverão provavelmente revelar isso – que não passa de música para os ouvidos.
Que o problema não passa pelo erro em si, admitido pelo próprio Joseph Blatter, presidente da FIFA na altura em que o Qatar foi eleito para ser palco do Mundial. É chorar sobre o leite derramado.