Se é verdade que a pandemia levou a que muitos noivos adiassem o casamento, também não é mentira que, depois do pico da covid-19, a maioria dos portugueses que já tinha a aliança no dedo decidiu dar o nó. Por esse motivo, em 2021 foram celebrados, no total, 29 057 casamentos em Portugal, mais dez mil do que em 2020, sendo que o ano corrente poderá terminar com um número ainda mais animador.
Isto porque, tal como o Instituto Nacional de Estatística (INE) avançou e o Idealista frisou, «os casamentos celebrados em maio deste ano atingiram valores verificados no período pré-pandemia Covid-19», tendo sido esta informação adiantada no dia 15 de julho. «Em maio de 2022, celebraram-se 3.503 casamentos, correspondendo a 1,3 vezes o número de casamentos realizados no mês de maio de 2021 (mais 887 casamentos). De janeiro a maio de 2022 foram celebrados 9.909 casamentos, mais 4.476 que no período homólogo de 2021», lia-se no boletim do INE.
Assim, na ótica do INE, «os 9.909 casamentos celebrados nos primeiros cinco meses do ano superam, também, os números verificados nos períodos homólogos de 2020 e 2019: mais 5.092 e 1.080 casamentos, respetivamente».
Importa referir que, analisando apenas o mês de fevereiro, entende-se que fechou com 1 401 cerimónias. Ou seja, foram celebradas mais 1 224 bodas, 7,9 vezes mais do que no período homólogo do ano passado. Ainda que haja uma «tendência de crescimento», os dados mostravam que as celebrações ainda estavam aquém dos valores pré-pandemia. «As medidas decorrentes da contenção da pandemia tiveram impactos na vida dos cidadãos, onde se inclui a mobilidade e o contacto social, pelo que os dados estatísticos relativos aos casamentos celebrados a partir de março de 2020 devem ser lidos neste contexto», escrevia, à época, o INE.
Em novembro do ano passado o INE havia divulgado que os casamentos estavam a recuperar face a 2020, sendo que em setembro quase haviam duplicado: realizaram-se 4 430 celebrações. Naquilo que diz respeito aos meses de agosto e setembro de 2021, aqueles que são habitualmente escolhidos para estes eventos, «celebraram-se, respetivamente, 4 585 e 4 430 casamentos, correspondendo a 1,8 e 1,5 vezes o número de casamentos realizados nos meses de agosto e setembro de 2020 (+1 996 e +1 571 casamentos)», explicou.
Assim, entre janeiro a setembro de 2021 foram celebrados 21 911 casamentos, mais 8 293 eventos do que no mesmo período do ano do surgimento da pandemia de covid-19. Naquele período de nove meses, já haviam sido realizados mais casamentos do que em todo o ano de 2020 (18 902). E há que prestar atenção a estes números pois, em 2019, no ano anterior ao do surgimento do novo coronavírus, «de acordo com os dados disponibilizados, os portugueses casam menos, mas a indústria fatura mais».
«Em 2003, os casamentos eram um negócio de 700 milhões de euros. Ou seja, um negócio verdadeiramente multimilionário no país. Em média, em cada matrimónio gastavam-se 10 mil euros. Como se realizavam cerca de 70 mil casamentos por ano, o volume de negócios gerado rondava os 700 milhões de euros», sendo que, à época, os números mostravam uma nova realidade, mas com valores ainda mais animadores para a indústria. Com cerca de 33 ou 34 mil casamentos por ano, era uma industria que faturava «800 milhões de euros, o que tem um peso importante da nossa economia».
Segundo António Manuel Brito, diretor da Exponoivos, «um casamento médio em Portugal» custava «26.151 euros, assim como o mínimo e o máximo despendido está avaliado respetivamente em 14.338 euros e 37.965 euros». Estes valores «têm em conta os 12 serviços/produtos básicos e essenciais no casamento, nomeadamente, fotografia e vídeo, lua-de-mel, vestido de noiva e fato de noivo, flores, aluguer de carro, convites, brindes, animação, alianças, bolo de noiva, e boda para 100 convidados. Comparativamente assiste-se a uma evolução quantitativa ao longo das décadas, atualmente superior a 74% e 31% relativamente aos custos representados em 1994 e 2004, respetivamente».