Quatro dos membros deste templo, incluindo o monge chefe, foram afastados do templo por terem testado positivo para o uso de metanfetaminas.
Depois de terem feito testes à urina, no final de novembro, os quatro homens que dedicaram a sua vida à religião testaram positivo para a substância ilícita.
“Os monges foram transferidos para uma clínica para um tratamento de desintoxicação”, disse um oficial, Boonlert Thintapthai, à agência France-Presse, apesar das autoridades ainda não terem revelado a razão que os levou a investigarem este templo em específico.
Segundo o Washington Post, as autoridades locais receberam ordens de investigar o potencial uso de drogas na província de Phetchabun, na Tailândia.
Nos últimos anos, este país tem enfrentado grandes problemas com a metanfetamina.
No ano passado, as apreensões desta substância atingiram um recorde, segundo dados das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
Apesar de inicialmente as autoridades investigarem locais como escolas, fábricas e templos, à procura de consumidores e traficantes, com o objetivo de os enviar para a reabilitação, os moradores locais alertaram para a situação do templo.
“Como líder comunitário, fiquei com medo porque nunca pensei que os monges seriam viciados em drogas”, disse o chefe da aldeia, Sungyut Namburi, à AFP. “Nunca pensei que as drogas se espalhariam para os templos”.
Ao chegar ao templo religioso, apesar de surpreendidos com esta situação, as autoridades compreenderam imediatamente que os quatro monges eram viciados devido ao seu comportamento errático.
O líder da aldeia e o xerife testaram os quatro monges e outros dois que viviam num templo separado e todos testaram positivo para o consumo de metanfetamina.
Assim que os testes deram positivo, alguns dos monges confessaram ser viciados de longa data, inclusive um dos líderes, que já era monge há mais de uma década.
“Quando inspecionei o abrigo do abade, fiquei surpreso porque estava uma confusão”, disse Sungyut.
O chefe da aldeia acrescentou ainda que “eles são monges malcomportados” e que “deveriam deixar o mosteiro se não puderem seguir e praticar as disciplinas”.
Os monges são figuras reverenciadas na cultura tailandesa, escreve o Washington Post, descrevendo que nos metros de Bangkok, capital deste país, os assentos reservados destes transportes públicos são destinados a grávidas, idosos e aos monges.
Em áreas rurais de Bangkok, estas figuras servem como conselheiros de confiança e modelos para a comunidade. Agora, neste templo em Bung Sam Phan, os habitantes estão preocupados uma vez que se encontram sem os responsáveis pelos seus rituais religiosos.
“O templo agora está sem monges e os habitantes temem que não possam realizar as cerimônias de mérito”, alertou o administrador da região. O ritual do mérito implica que os fiéis forneçam comida aos monges e, em troca, ganham uma força protetora por terem praticado boas ações.
Para atenuar esta ausência na vida da comunidade, as autoridades locais afirmaram que estão a recorrer ao chefe monástico local para poder designar novos monges para o templo.
As autoridades locais informaram que os monges, assim como os outros viciados, já deram entrada na reabilitação, esta quarta-feira, mas foram obrigados a abandonar a vida monástica porque ter um monge num centro de reabilitação seria “inapropriado”.
O escândalo na província de Phetchabun ocorre numa altura em que está a acontecer uma repressão nacional às drogas depois de ter acontecido um assassinato em massa numa creche, em outubro, que provocou 38 vítimas mortais, a maioria crianças.
O suspeito principal é um ex-polícia que foi demitido por posse de metanfetamina.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a Tailândia é um importante país no tráfico para a metanfetamina, que circula do estado de Shan, em Myanmar, através de Laos.
Nas ruas, os comprimidos dessa droga são vendidos por menos de 20 baht (cerca de 50 cêntimos). Nos últimos anos, as autoridades do Sudeste Asiático fizeram apreensões recordes de metanfetamina. A lei tailandesa determina penas de prisão de 10 a 20 anos, perpétua ou mesmo pena de morte aos traficantes.
No entanto, nem tudo é mau. Segundo Sungyut, é possível estes homens voltarem a ser monges novamente assim que completarem a desintoxicação das drogas.