Segundo o Relatório Estatístico Anual de 2022 do Observatório das Migrações, divulgado na segunda-feira, Portugal atingiu, em 2020, “o valor inédito” de 662 095 estrangeiros residentes no país, uma população que, no ano seguinte, se situava já em cerca de 700 mil pessoas. Ou seja, se há dois anos, os estrangeiros representavam 6,4% do total de residentes, em 2021 passaram a ser 6,8% (698 887 pessoas).
“O país atinge no final da década valores inéditos de perto de setecentos mil estrangeiros residentes, stock nunca antes alcançado em Portugal”, lê-se no documento lançado no âmbito da Coleção Imigração em Números. De acordo com o mesmo, as razões de entrada de estrangeiros no país mantêm-se especialmente associadas ao “estudo”, ao “reagrupamento familiar” e à “aposentação”: em 2019 estes três tipos de vistos representaram em conjunto 85,1% do total de vistos de residência atribuídos nos postos consulares (46,6% para estudo, 14% para reformados e 24,5% para reagrupamento familiar). E a tendência repetiu-se no ano seguinte “quando representaram 88% do total de vistos (53,6% para estudo, 12,8% para reformados e 21,6% para reagrupamento familiar)”, concluem os dados. Já em 2021, “significaram 82,4% do total de vistos de residência atribuídos (46,5% de estudo, 21,5% para reformados e 14,4% para reagrupamento familiar)”.
Contudo, segundo a diretora do Observatório e autora do estudo, Catarina Reis Oliveira, estando Portugal numa situação de acentuado envelhecimento demográfico, “nem todos os perfis imigratórios poderão aliviar a situação demográfica do país”, já que os estrangeiros reformados “tendem a reforçar a importância relativa de idosos residentes” e, ao contrário da população imigrante em idade ativa e em idade fértil – que tradicionalmente o país recebeu nas últimas décadas –, “não atenuam o envelhecimento demográfico do país”, acentuam-no.
O relatório também contém indicadores de contexto europeu, situando Portugal entre “os países que menos imigração recebem”. Abaixo estão países como República Checa, Finlândia, Lituânia, Croácia, Hungria, Bulgária, Eslováquia, Polónia e Roménia.