por Carlos Carreiras
A proxima-se a entrada de um novo ano e com ela, novamente, vamos celebrar o Natal.
Há mais de dois mil anos uma mensagem simples ecoa nos nossos corações. Essa mensagem impele-nos a ser os guardiões dos nossos irmãos; a perdoar o outro; a cuidar de quem precisa; e, sobretudo, a amar o nosso semelhante como a nós mesmos.
Quaisquer que sejam os nossos credos ou convicções é impossível ficar indiferente a estas palavras. Porque elas falam de unidade e de esperança, de decência e de justiça. Falam do melhor que há em nós, do melhor da natureza humana.
Foi um ano difícil para todos. Mas a mensagem do Natal perdurou. As fórmulas de sucesso que tivemos até hoje, e elas são muito simples, vão continuar: O sermos uma comunidade unida, solidária e ativa. Por isso, faço votos para que consigamos prolongar por todo o ano que aí vem este mesmo espírito de comunidade, de uma família mais alargada, uma família de vizinhança.
A nossa vida social não está resumida a uma pobre busca pelo lucro ou pela acumulação de riqueza. Há um ‘mais’ nas nossas relações sociais. Passámos a dar valor aos valores e não apenas com preços. E já não nos satisfazemos com os nossos direitos, ponderando sobre o que é justo para a comunidade.
Caberá a 2023 confirmar esta tendência no plano individual, esta revolução tranquila que pode ser operada por cada um de nós. A incerteza é a sua maior inimiga.
Se a incerteza e o medo perdurarem, se a crise económica e social se agravarem ainda mais, então, no plano coletivo, 2023 não será um tempo de transições calmas mas sim um ano ainda mais violento.
A política tem, aí, um espaço para fazer aquilo que pode e aquilo que deve. Precisamos hoje, mais do que nunca, de lideranças assentes em valores e capazes de se afirmarem pelo exemplo. Precisamos de verdade. Precisamos de honestidade. Precisamos de ética. Precisamos de lutar mais por ideias e valores de longo prazo do que por truques e táticas do momento. Precisamos de usar bem os dinheiros da Europa. Eles são a nossa última hipótese de fugir à cauda das nações menos desenvolvidas do continente. Precisamos de verdadeira prosperidade, não de ilusão de devolução de rendimentos. Precisamos de investimento sustentável, reprodutivo e gerador de emprego. Não precisamos de alimentar os mesmos interesses do costume.
Só precisamos de um pouco de razoabilidade e normalidade. Eu sei que é exigente o empreendimento da normalidade. Mas é ele o melhor antídoto contra os populismos e os extremismos que brotam à sombra das insuficiências do regime democrático.
Quanto a nós, em Cascais, continuaremos neste Natal a fazer chegar aos nossos concidadãos uma mensagem de esperança e compromisso na construção de um mundo melhor e de uma sociedade mais decente. Uma sociedade onde somos, cada vez mais, todos por todos.
Aproveito para vos convidar, no próximo ano, a estarem empenhados no momento muito alto de esperança e de luz, com a vinda do Papa Francisco a Cascais.
A todos os leitores e colaboradores do Nascer do SOL, um Feliz e Santo Natal.