Encerramento de 68 camas de internamento, em Lisboa e no Porto, diminuição de capacidade nos cuidados intensivos, suspensão de cerca de 20 mil consultas e 200 cirurgias, diminuição em 50% datividade da área administrativa (atendimento de doentes, marcações de consultas, etc.), fecho de valências clínicas e aumento da lista de espera dos doentes e impacto na áreas de manutenção do equipamento hospitalar, da energia à distribuição das águas, com efeitos na hemodiálise, sanitários e na alimentação, seriam algumas das consequências do indeferimento da contratação de mais de 200 assistentes técnicos e assistentes operacionais técnicos de diagnóstico em regime de avença no Hospital Militar. Tal como o DN noticiou em manchete na sua edição desta quinta-feira.
No entanto, em declarações ao Nascer do SOL, o Ministério da Defesa Nacional asseverou que «os contratos relativos aos processos do pessoal médico e de enfermagem foram já autorizados», acrescentando igualmente que, «quanto ao mais, a área governativa da Defesa Nacional está a envidar todos os esforços junto das outras áreas governativas competentes, em articulação com a Direção do HFAR e o Estado-Maior-General das Forças Armadas, com vista à autorização dos restantes processos».
Ao ter tido conhecimento do aparente colapso do HFAR, o major-general Carlos Chaves decidiu criar um movimento de cidadãos, de cariz político, para que Portugal possa sair do «pântano» em que se encontra atualmente. Revoltado com esta e outras situações, Carlos Chaves, que passou à reserva em maio de 2010, contou ao Nascer do SOL quais são os pilares do Reagrupar por Portugal.
«Proponho que Portugal e os portugueses deem um salto qualitativo na organização da reflexão que todo o país tem de fazer. E proponho criar um movimento de cidadãos que designo por RPP – Reagrupar por Portugal. Têm de aparecer movimentos de cidadãos que, em liberdade, pensem naquilo que querem para o país», afirma. «Eu, por exemplo, acho que estarei em condições de, em finais de janeiro, apresentar o movimento já com um ideário, bases doutrinárias, constituição de grupos de ação setoriais e uma coordenação central. No fundo, responder a três perguntas: quem somos?, como somos? e para quem somos?», sublinha.
«Pretendemos ser um movimento apartidário, mas não apolítico. Estabelecemos, desde já, algumas possíveis linhas de ação. Permito-me distinguir as seguintes: rever a Constituição da República, repensar o sistema político-partidário, reorganizar o Estado, dignificar a função pública e os portugueses que a servem, recolocar as instituições nacionais no lugar que lhes é devido e exigido num Estado de direito democrático», adianta, avançando que tudo tem o objetivo primordial de ser feito «por Portugal e pelos portugueses», sendo que o major-general tem já o apoio de 4 mil pessoas.
«Estamos abertos a todos aqueles que acreditarem nas nossas propostas. Assim, pensamos, que 2023 será o ano do lançamento e da preparação para o combate que queremos travar já em 2024: ano de eleições europeias. Estaremos abertos a ir a qualquer sítio do país falar com quem queira connosco colaborar», observa, notando que em termos concretos da defesa nacional, o setor onde se sente mais habilitado pelos anos que dedicou à causa, e por aquilo que fez «de bem e mal, mas sempre com a intenção de servir o país e as Forças Armadas, e não entrando em combates estéreis», espera «lutar contra o comodismo e o imobilismo».
«É preciso que a gente saia do pântano: parece que veio para ficar. Durante algum tempo, tivemos a perspetiva de que era possível sair dele, mas considero que ainda não saímos. Terei mais uns ataques diretos e indiretos devido aquilo a que estou a dizer hoje. Não nos esqueçamos de que foi publicada uma notícia sobre o HFAR e eu tenho, inclusivamente, um processo em curso por parte de uma ex-diretora. Acusou-me de crime por sempre ter defendido o hospital e aguardo a decisão final com grande expectativa», confessa, lamentando a atuação da ministra da Defesa Nacional.