O Ordem dos Enfermeiros (OE) recebeu, no último ano, 7.656 pedidos de escusa de responsabilidade por parte de enfermeiros, por considerarem que está em causa a qualidade e a segurança dos cuidados prestados por falta de profissionais.
De acordo com um comunicado divulgado pela ordem esta terça-feira, os números são seis vezes superiores aos do ano passado, altura em que a OE tinha chegado às 1.300 declarações.
Em relação a agosto deste ano, quando foram divulgados os últimos e o número de escusas de responsabilidade era de 6.541, foram apresentadas mais 1.115 escusas.
"Só na zona Centro, onde as escusas têm vindo a ser renovadas, são já mais de cinco mil as declarações apresentadas, sendo que a maioria corresponde a enfermeiros do Hospital de Leiria", salienta a OE.
A região Sul conta com um total de 2.132 declarações e é a segunda do país com amior número de pedidos de escusa, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a apresentar a situação mais grave, seguindo-se o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que abrange o Hospital de Santa Maria, e o Hospital do Algarve.
Estes dados confirmam as previsões de subida da OE "desde o início do ano, face ao agravamento da situação nos hospitais, em particular devido à falta de enfermeiros".
"Em causa está a degradação dos serviços, sobretudo devido à falta de enfermeiros, o que leva ao incumprimento das dotações seguras, pondo em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados", explica a ordem.
De acordo com o relatório da OCDE 'Health at a Glance', divulgado este mês e citado pela OE, Portugal tem um rácio de 7,3 enfermeiros por 1.000 habitantes, tendo já sido ultrapassado por países como a Roménia, Lituânia e Malta, sendo a média dos países da União Europeia de 8,3 enfermeiros por 1.000 habitantes.