Enquanto uma onda de ataques russos eram repelidos nos arredores de Bakhmut, iam chegando a Kreminna mais recrutas apanhados na mobilização militar parcial do Kremlin. Combatentes russos tiveram de recuar em partes da cidade e escaparam para a vizinha Rubizhne, anunciaram autoridades ucranianas, mas a carne para canhão russa conseguiu travar os contra-ataques ucranianos. Ou seja, a guerra mais uma vez parece estar num impasse, até à próxima reviravolta. E à medida que o conflito se arrasta, Vladimir Putin tem-se mostrado preocupado com a crescente insatisfação das elites russas devido às sanções ocidentais, dando passos no sentido de nacionalizar a propriedade de oligarcas que saíram do país. Curiosamente, ainda esta terça-feira se soube que morreu um deles, Pavel Antov, um magnata de produção de salsichas, tendo caído da janela num hotel de luxo na Índia.
Entretanto, na Ucrânia, a cidade de Kreminna, um ponto de abastecimento crucial para as forças do Kremlin a noroeste de Lysychansk, tem sido palco de ferozes batalhas. Os russos “compreendem que se perderem Kreminna, em princípio, a linha de defesa inteira vai desmoronar”, explicou Serhiy Haidai, o administrador militar de Lugansk, numa mensagem no Telegram, esta terça-feira.
Por isso, face aos contra-ataques ucranianos, “as tropas ocupantes russas conseguiram construir uma defesa muito poderosa num mês”, relatou Haidai. “Eles estão a trazer para lá uma enorme quantidade de reservas e equipamento. Eles estão constantemente a renovar as suas forças”, garantiu.
Aliás, as tropas que foram lançadas em Kreminna são uma amálgama vinda das mais diversas unidades, lia-se no mais recente relatório do Instituto para o Estudo da Guerra. Isso “sugere que as forças russas estão a ir buscar tropas de diversos pontos ao longo do teatro de operações para preencher buracos na linha Svatove-Kreminna e compensar a continuada degradação das suas forças convencionais”, descreveu o think tank.
Já o Estado Maior da Ucrânia anunciou que travara ataques russos contra duas localidades em Lugansk e seis em Donetsk, declarando ter registado mais 620 baixas inimigas em apenas 24h, sem qualquer menção quanto a perdas ucranianas. Assegurando que “o inimigo russo sofreu as maiores perdas na direção de Bakhmut e Lyman”.
Crime? A misteriosa morte de Pavel Antov, aos 65 anos, adensou as suspeitas de que o Kremlin está farto das queixas dos oligarcas. Afinal, estes viram muitos dos seus ativos financeiros no exterior congelados, deixaram de poder passar férias na Europa ou de visitar os seus filhos que estudam nas mais prestigiadas instituições.
Antov, que fizera fortuna na indústria da produção de salsichas, cometera o deslize de publicar uma mensagem no Whatsapp a criticar os ataques com mísseis contra a infraestrutura elétrica ucraniana. Após tal se tornar público, rapidamente se desdobrou em juras de lealdade a Putin. Acabou por cair de uma janela este sábado, num hotel de luxo no estado indiano de Odisha.
Foi uma festa de aniversário desastrosa para o oligarca russo, até porque no dia anterior um dos seus amigos, Vladimir Budanov, morreu sem explicação no mesmo hotel. “Até agora, parece que Antov caiu acidentalmente da varanda do hotel. Ele provavelmente estava perturbado pela morte do seu amigo”, explicou o chefe da polícia local, Rajesh Pandit, à France Press. Garantindo que “todos os possíveis ângulos quanto à morte dos dois cidadãos russos estão a ser investigados”.