Perante o aumento de casos da China e receios de que não esteja a ser divulgado o número exato de contágios neste país, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou a sua preocupação perante face novo surto.
«Eles são muito sensíveis, nomeadamente, quando sugerimos que não estão a ser transparentes», disse Biden a repórteres, mencionando ainda receios pela forma como os hospitais e as morgues chinesas se encontram sobrelotados, algo que não vai de encontro aos dados divulgados.
A preocupação do líder norte-americano foi expressa pouco tempo depois do diretor de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, afirmar que Pequim estaria a notificar menos mortes do que as causadas pelo vírus.
«Pensamos que os números atuais publicados pela China sub-representam o impacto real da doença em termos de admissões hospitalares, nos cuidados intensivos e, sobretudo, em termos de mortes», disse o diretor de emergências em videoconferência.
Um dos fatores responsáveis por esta «sub-representação» foi uma mudança na metodologia da contabilidade de casos, com as autoridades chinesas apenas a contar, para efeitos estatísticos, como morte por covid-19 as pessoas que morreram diretamente de uma insuficiência respiratória associada à infeção. «Pensamos que esta definição é demasiado estreita», argumentou Mike Ryan.
Esta quarta-feira, a China reportou apenas uma morte por covid-19 no seu território continental, elevando o número oficial de fatalidades para 5.259. No dia anterior foram registadas cinco.
Perante as críticas, a China defendeu a forma como está a lidar com o surto de covid-19, referindo que sempre partilharam toda a informação necessária com a máxima transparência.
«Os factos provaram que a China, de acordo com os princípios de legalidade, pontualidade, abertura e transparência, sempre manteve uma comunicação próxima e compartilhou informações e dados relevantes com a OMS em tempo útil», disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, durante uma conferência de imprensa coletiva em Pequim, esclarecendo ainda que a «situação epidémica da China é controlável» e que esperava que a OMS «mantivesse uma posição científica, objetiva e imparcial».
Controlo nas fronteiras
Apesar de a China continuar a afirmar que não existem motivos de preocupação, diversos países estão a impor sérias restrições a passageiros provenientes deste país.
Estados Unidos, Canadá e Japão já adotaram medidas, insistindo que todos os viajantes apresentem um teste negativo antes de embarcarem, enquanto a Comissão Europeia anunciou que vai recomendar o uso de máscara em voos da China e está a ponderar a testagem obrigatória, anunciou o porta-voz Tim McPhie.
A China afirmou que estas medidas são «inaceitáveis» e prometeu retaliar contra as nações que as adotem.
«Esta decisão carece de base científica e algumas práticas são inaceitáveis. Opomo-nos firmemente a quaisquer tentativas de manipulação de medidas de prevenção de epidemias com vista a atingir objetivos políticos. Adotaremos medidas compensatórias com base no princípio da reciprocidade», afirmou a porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning.