Fim das festas e, mais dia, menos dia, fim do entusiasmo com o Ano Novo. Por agora só o fim de semana das arrumações natalícias. E, depois, a rotina, até alcançarmos definitivamente aquela fase em que passou o sufoco de querermos cumprir todas as resoluções definidas. Assim, oficialmente fim da loucura – que, atenção, não chega normalmente sem antes se darem duas a três oportunidades à nova vida ambicionada. Há de chegar o ano em que não se colocam metas ou objetivos – até há quem diga que é quando corre melhor. Mas também não é difícil, quando não nos comprometemos com nada, até qualquer corrida, nem que seja para entrar no supermercado no último minuto possível, já conta como treino físico intensivo.
É mais ou menos como as viagens sem roteiro, defendidas por tantos: não vendo tudo há sempre uma boa razão para se voltar. Abraçar o conceito podia ser só por si uma meta, já que falamos de casos em que as próprias pessoas têm consciência que a probabilidade de voltar é quase nula… nem que seja porque quando voltam a engordar o porquinho mealheiro começam automaticamente a pensar em novos destinos que… nunca visitaram. Mas a ideia não deixa de ser positiva, mesmo sabendo que não vão regressar, porque há sempre aquela ínfima hipótese de poder acontecer.
Não quer isto dizer que seja adepta das viagens que, de repente, se tornam castigos – bem longe disso. Pior do que deixar um monumento histórico por ver, só viajar com aquele tipo de pessoas que se transformam em cicerones implacáveis, com horários das 7h às 23h, todos os dias da estada e tempo de café contado, de tal maneira que não há Voltaren suficiente para recuperar as pernas a tempo da tortura do dia seguinte.
Que 2023 seja uma viagem entre uns e outros e que consigamos, pelo menos, entrar sempre no supermercado no último segundo antes da porta fechar. Mesmo que se chegue ao corredor dos ovos e não se encontre nem meia dúzia. Cá ou na vida de turista, não se pode mesmo ter tudo…