por Carlos Carreiras
Ao assistir à tomada de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo, reforcei a ideia que há muito tempo venho a desenvolver, da criação de uma comunidade Afro-Ibero-Americana, como uma superpotência a nível mundial.
Com um número de falantes de português e espanhol expressivo (mais de mil milhões de pessoas) no mundo e com uma expressão de território terrestre e marítimo de enorme dimensão, faz com que um conjunto de recursos geológicos importantes, desde a fauna, a flora, mas acima de tudo de capital humano assente em valores culturais, inovação e criatividade, possam ser aproveitados como nunca antes puderam ser.
Importa relembrar que durante a Era dos Descobrimentos, marinheiros portugueses levaram o seu idioma para lugares distantes sendo hoje a 9.ª língua com o maior número de falantes do mundo. A exploração foi seguida por tentativas de colonizar novas terras para o Império Português e, como resultado, o português dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja língua primária é o português.
É língua oficial em muitos países Africanos e também em alguns países do continente Asiático.
Já os espanhóis levaram o idioma castelhano principalmente para as Américas, sendo hoje a 4.ª língua com o maior número de falantes do mundo. É relevante notar que somente o castelhano (dentre os idiomas da Espanha), falado originalmente na região de Castela e na capital, Madrid, foi disseminado a fim de aculturação e colonização para a América Espanhola; isso é justificado, pois uma vez que os então reinos de Castela e Leão (reunificados com outros) exerceram domínio político sobre os demais, esse idioma tornou-se o mais prestigiado, de cunho ‘oficial’ e amplamente usado pelos colonizadores e ‘conquistadores’ espanhóis.
Também dispomos de um desígnio, proposto pelas Nações Unidas e que não apresenta divisões culturais e ideológicas, esta comunidade desenvolver-se-á assente nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, são eles: 1. Erradicar a Pobreza; 2. Acabar com a Fome; 3. Vida Saudável; 4. Educação de Qualidade; 5. Igualdade de Género; 6. Água e Saneamento; 7. Energias Renováveis; 8. Trabalho Digno e Crescimento Económico; 9. Inovação e Infraestruturas; 10. Reduzir as Desigualdades; 11. Cidades e Comunidades Sustentáveis; 12. Produção e Consumo Sustentáveis; 13. Combater as Alterações Climáticas; 14. Oceanos, Mares e Recursos Marinhos; 15. Ecossistemas Terrestres e Biodiversidade; 16. Paz e Justiça; 17. Parcerias para o Desenvolvimento.
Precisamos de pôr em manifesto desafios como a importância da cooperação entre países e da conexão entre setores e atores. Ao tentarem atuar em conjunto no cenário político-diplomático-internacional, os países lusófonos e hispanófonos detêm um potencial geopolítico e geoestratégico inestimável que vai permitir projetarem-se de maneira mais eficaz no sistema, valorizando-se mutuamente e potencializando as suas aspirações nacionais, regionais e globais.
Desta forma, a inovação no desenvolvimento sustentável na criação de uma comunidade Afro-Ibero-Americana é de vital importância no momento de afrontar todos os desafios socioambientais. A situação atual põe em manifesto desafios como a importância da cooperação entre países e da conexão entre setores e atores. Ao tentarem atuar em conjunto no cenário político-diplomático internacional, os países lusófonos e hispanófonos detêm um potencial geopolítico e geoestratégico inestimável que vai permitir projetarem-se de maneira mais eficaz no sistema, valorizando-se mutuamente e potencializando as suas aspirações nacionais, regionais e globais.
Além disso, aprofundam de maneira especial nos setores que poderão ter um efeito muito positivo na economia e impulsionar a sustentabilidade do território, como é o caso da regeneração de ecossistemas naturais com todas as soluções baseadas na natureza que acarreta, a economia circular, o turismo e os sistemas alimentares.
Tenho a firme convicção de que o desenvolvimento sustentável não é apenas uma forma de entender o mundo: é também uma maneira de promover transformações globais a partir de soluções locais.
Ao contemplarem objetivos de todos os tempos e de todos os lugares – como o emprego decente e desenvolvimento económico, erradicação da pobreza, saúde e educação de qualidade, igualdade de género, combate às desigualdades e defesa da paz, da justiça e das instituições – os ODS assumem-se como um programa político passível de ser adotado tanto por nações ricas como pobres, pela esquerda e pela direita, pelos governos centrais ou locais. Precisamente pelos seus objetivos serem partilháveis por todas as organizações, há muitos sinais de que a agenda dos ODS começa a ganhar tração em várias latitudes e níveis de decisão. Precisamos de mais sustentabilidade, uma agenda para a mudança, a criação potencial de mais de 300 milhões de postos de trabalho em todo o mundo e 12 triliões de dólares de incremento na economia.
Cascais, autarquia que tenho a honra e o privilégio de liderar, elevou os ODS a programa político e estratégico. Fê-lo porque entende que é sua a responsabilidade de liderar pelo exemplo no plano nacional e internacional. Mas fê-lo, também, porque quantos mais objetivos forem atingidos, mais próspero, solidário e coeso será o nosso Concelho como comunidade.