A tradição ainda vale muito

Os melhores pilotos e equipas medem forças no famoso Rali Monte Carlo. Chegar ao Principado em primeiro lugar é a ambição de todos. Kale Rovanpera e Toyota defendem os títulos.

A tradição ainda vale muito

Em 1973, o Rali Monte Carlo teve a honra de ser a primeira prova do Campeonato do Mundo; passados 50 anos, a história repete-se. O Mundial começa esta semana com o rali que todos querem ganhar. É a primeira prova de uma temporada de 13 ralis, espalhados por vários continentes e com diferentes tipos de piso, que tem passagem por Portugal entre 11 e 14 de maio. O primeiro rali é sempre um momento especial e todas as equipas dizem estar preparadas para vencer; espera-se, por isso, grande luta entre os melhores pilotos do mundo. É uma prova muito exigente, que passa por estradas sinuosas e apertadas, ladeadas por respeitáveis ravinas, e com um tempo incerto quando entra na montanha. O desafio é grande!

A segunda época com os carros híbridos vai ser disputada pelaToyota, Hyundai e Ford, que voltam à estrada com os Rally 1 optimizados e novo lineup de pilotos. Os carros estão equipados com motor térmico 1.6 turbo e motor eléctrico de 100 kW (134 cv), capazes de desenvolver uma potência conjunta superior a 500 cv. Têm chassis tubular em aço de alta resistência, célula de sobrevivência para proteger os pilotos, e o motor elétrico tem uma proteção em fibra de carbono. Dispõem de tração integral e caixa semiautomática de cinco velocidades. Com há grande liberdade na aerodinâmica, os carros têm uma imagem muito agressiva.

A Toyota introduziu inúmeras evoluções no Yaris Rally 1 e alinha com uma equipa de pilotos fortissíma com Kale Rovanpera, Elfyn Evans e Takamoto Katsuta. O objetivo é repetir o feito de 2022 em que venceu sete das 13 provas e venceu o campeonato de marcas e pilotos. A equipa trabalhou para ganhar performance e fiabilidade a nível de motor e otimizou a aerodinâmica do carro. O diretor desportivo, Jari-Matti Latvala, espera uma temporada «mais difícil do que em 2022», e explicou porquê: «A Hyundai melhorou muito. Se quisermos alcançar os mesmos objetivos precisamos de trabalhar melhor, não podemos relaxar. Sabemos que temos um carro bom, mas também sabemos que há áreas em que precisamos melhorar. Temos tudo pronto; nos testes o carro foi rápido e fiável e os pilotos estão ansiosos por começar o Rali Monte-Carlo, que é a prova mais difícil e imprevisível da temporada».

O campeão do mundo Kale Rovanpera considera que «a competição vai ser mais renhida este ano. Os rivais trabalharam muito, o nível competitivo vai aumentar e não vai ser fácil defender o título», reconheceu o finlândes. «O Rallye Monte-Carlo é um evento especial, é um começo de temporada complicado e nervoso», admitiu o piloto de 22 anos, que está otimista: «Estou mais confiante do que no ano passado, quando o carro era novo. Sei que a equipa trabalhou na direção certa para começarmos bem a época». Sebastian Ogier, oito vezes campeão do mundo, vai reforçar a equipa nipónica em ‘part-time’, como é o caso de Monte Carlo, onde é o principal favorito.

 

Ameaça coreana

A Hyundai alinha com  três i20 N Rally1 para Thierry Neuville e Esapekka Lappi, substituiu Ott Tänak. Dani Sordo e Craig Breen vão alternar a condução do terceiro carro. Em Monte Carlo corre o espanhol. A marca coreana tem um novo diretor desportivo, o ex-chefe da Renault na Fórmula 1, Cyril Abitebou, é o novo responsável da Hyundai para os ralis. A equipa teve algumas dificuldades no início da época, mas foi melhorando o carro tendo e ganhou quatro dos últimos seis ralis em 2022. Lappi vai disputar a época completa e ajudar a marca a conquistar o título de construtores. «A vida está cheia de surpresas. Ter a oportunidade de fazer um programa completo no WRC é um sonho e uma oportunidade única», referiu o finlandês, que trocou a Toyota pela Hyundai. O primeiro contato com o carro foi positivo. «Senti-me muito confortável, embora precise de mais tempo perceber melhor o comportamento do i20 N Rally1 e o modo de a equipa funcionar», disse Lappi, que admitiu: «Há ralis em que sou muito forte e há outros em que não tenho qualquer experiência. Será um ano interessante, penso que o campeonato vai ser mais competitivo do que o ano passado».

A equipa M Sport vai ter dois Ford Puma Rally 1 para  Ott Tänak e Pierre-Louis Loubet, podendo ser reforçada em alguns ralis com Sebastian Loeb, nove vezes campeão do mundo. Ott Tänak regressa à equipa inglesa. «É um grande desafio. Conheço bem as pessoas e sei do que são capazes. Temos a mesma ambição para a próxima temporada e queremos lutar pelo campeonato», disse o campeão do mundo de 2019, que confidenciou: «Não consegui defender o título, e só estarei em paz comigo próprio  quando o conseguir fazer». Malcolm Wilson, responsável da M-Sport, está em sintonia com o piloto: «O objetivo é conquistar o título de pilotos com o Ott. Temos de trabalhar bastante, mas ter um piloto do calibre do Ott é motivador e ajuda a explorar o potencial do carro».

 

Calendário global

O calendário de 2023 mantém o mesmo número de provas, mas com novidades. Os pilotos vão realizar os oito ralis em terra, quatro de asfalto e um em neve.A maioria das provas disputam-se na Europa, mas há também ralis na América, África e Ásia. O continente americano regressa ao Mundial com os ralis do México e do Chile. Outra novidade é o Rali da Europa Central, que passa por três países: Alemanha, Áustria e República Checa. Em contrapartida, os ralis da Catalunha, Bélgica e Nova Zelândia sairam do calendário por decisão dos promotores do WRC, que estão mais interessados em levar este campeonato para o Oriente Médio e Estados Unidos. Esta mudança não deixa de constituir também uma ameaça à prova portuguesa.

Na mesma altura em que os pilotos estarão a disputar algumas das mais famosas classificativas do mundo, estará a realizar-se o Fórum da Inovação nos ralis, que junta responsáveis ligados ao desporto automóvel e mobilidade. O objetivo é desenvolver estratégias e projetos de sustentabilidade adaptando aos automóveis de série, aos transportes e às indústrias ligadas ao setor as inovações desenvolvidas na competição. Os atuais carros Rally introduziram a tecnologia hibrída e combustível 100% sustentável.