Ocorreram, em 2022, 190 casos de mutilzação genital feminina, um aumento de 24% em relação ao período homólogo do ano anterior.
De acordo com dados esta segunda-feira divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), quando se assinala o Dia da Tolerância zero à mutilação Genital Feminina, entre janeiro e dezembro de 2022 foram registadas, na plataforma Registo de Saúde Eletrónico complicações de saúdo devido a este procedimento em 100 mulher (52,6% dos casos).
Segundo a DGS, as complicações resultantes da mutilação genital feminina "são frequentemente coexistentes".
Dos dados referentes ao ano passado, 75 pessoas tiveram complicações do foro psicológico, 64 complicações obstétricas, 55 de resposta sexual e 51 complicações uro-ginecológicas.
Os dados dão ainda conta de uma predominância de casos realizados na Guiné-Bissau (70,5%) e na Guiné Conacri (23,7%).
"Este aspeto vem reforçar a informação já conhecida, tendo em conta o predomínio das comunidades imigrantes residentes em Portugal e a prevalência estimada da mutilação genital feminina nesses países", explica a DGS.
No documento hoje divulgado, a DGS explica que, no total dos casos registados em 2022, as mulheres foram maiorirtariamente (49,5%) submetidas a mutilações do tipo II, que incluem a remoção parcial ou total do clítoris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios, e do tipo I (44,7%), referente à remoção parcial ou total do clítoris e / ou do prepúcio.
Já as mutilações do tipo III (estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios) representam 3,7% dos casos registados em 2022 e as do tipo IV (outras intervenções nefastas não classificadas) representam 2,1%.
Desde 2014, foram contabilizados em Portugal um total de 853 casos de mutilação genital feminina.
Dos 190 casos notificados na plataforma no ano passado, foi registada a intervenção dos profissionais de saúde em 84,2% (160) dos casos, "no âmbito do esclarecimento dos direitos da mulher numa perspetiva educativa e preventiva", explica a DGS.
A idade da realização variou entre o primeiro ano de vida e os 34 anos de idade, contudo, 73% dos casos ocorrerama té aos 9 anos de idade.