O relatório da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa foi esta segunda-feira apresentado por este organismo e a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) admite que "houve, e há, vítimas de abuso sexual provocadas por clérigos e outros agentes pastorais, no âmbito da vida e das atividades da Igreja em Portugal".
O estudo contou com a validação de 512 testemunhos de abuso sexual, que, no seu todo, apontam "por defeito" para, pelo menos, 4303 menores vítimas de abuso sexual desde de 1950 até agora. Em reação ao relatório publicado, a CEP, presidida por D. José Ornelas, pede "perdão a todas as vítimas: às que deram corajosamente o seu testemunho, calado durante tantos anos, e às que ainda convivem com a sua dor no íntimo do coração, sem a partilharem com ninguém”.
Os abusos de menores são considerados “crimes hediondos”. A CEP frisa que “este estudo da Comissão Independente apresenta-nos um número muito maior do que aquele que soubemos apurar até hoje”.
A Igreja Católica alerta que não tolera os abusos, pois são a contradição da sua identidade e, que a vida da Igreja em Portugal não se encerra nesta questão. É importante não esquecer que “há muitas pessoas e instituições eclesiais a dedicar-se aos mais frágeis, aos mais necessitados e aos mais pobres”.
A entidade, em comunicado, garante ainda que “procurará encontrar os mecanismos mais eficazes e adequados para fomentar uma maior prevenção a para resolver possíveis casos que possam ocorrer, com celeridade e respeito pela verdade”.
A nota termina com uma mensagem: “tolerância zero para os casos de abuso tem de ser uma realidade em toda a Igreja”.