A dinamização económica, a classe média e a reabilitação urbana: o bom exemplo de Braga

Braga demonstrou que o centro das cidades pode continuar a ser um local atrativo para todos.

por João Rodrigues
Advogado, Vereador do Urbanismo e Inovação da CM de Braga

Ao contrário daquilo que parece hoje ser dado como certo nas grandes cidades portuguesas, Braga demonstrou que o centro das cidades pode continuar a ser um local atrativo para todos: ao mesmo tempo que ouvimos, todos os dias, falar acerca do abandono da população do centro de cidades como Lisboa, Guimarães ou Porto, segundo os Censos 2021, a população bracarense residente na área do centro da cidade equiparada àquilo que comummente se considera centro histórico aumentou 25% nos últimos dez nos. E há várias razões que o explicam.

Em primeiro lugar, comecemos pelo principal fator de sucesso da cidade nos últimos anos: a aposta na dinamização económica – e, consequentemente, social – por parte do poder político, é a raiz da generalidade dos excelentes indicadores que têm vindo a ser conhecidos ao longo dos últimos meses. Desde o aumento da população, em total contraciclo com aquilo que se passa no resto país e, em particular, nas suas maiores cidades, passando pelo facto de Braga ter reconquistado o título de cidade mais jovem do País, Braga é hoje uma cidade onde a classe média está claramente favorecida.

Nos últimos dez anos, Braga, através da captação e facilitação do investimento, viu serem multiplicados os números relativos às exportações e soube criar emprego cada vez mais qualificado e, por isso, cada vez mais bem pago. Exemplo disto mesmo é que, hoje, no concelho, as grandes multinacionais não se limitam a produzir em linhas fabris; hoje, é em Braga que muitas destas empresas desenvolvem as próprias tecnologias e os produtos que hão de vir a ser produzidos por todo o mundo.

Depois, Braga soube, de forma exemplar, promover a reabilitação urbana – mesmo sob a ameaça constante das previsões menos otimistas de quem discordou do processo adotado.

Com a definição de uma Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico, o Município concedeu um sem número de apoios à reabilitação especialmente destinados à habitação permanente, que, aliados ao ímpeto empreendedor do tecido empresarial local e a uma procura cada vez mais acentuada por parte das famílias, fez com que o centro da cidade hoje esteja a léguas da situação em que se encontrava há uma década. E fê-lo de forma particularmente cuidada, colocando a defesa do património num patamar nunca antes visto no concelho, mas sem nunca deixar que uma visão obtusamente conservadora limitasse a própria reabilitação.

Hoje, no centro de Braga, vive mais gente. Gente de todas as idades e de todos os contextos económicos e sociais e não é de deixar de relevar um facto: o crescimento populacional conseguido é proporcionalmente equivalente ao número de edifícios e de frações reabilitados no centro histórico.

Por isso mesmo, decidimos agora reforçar todas estas políticas. Aumentámos as áreas de reabilitação urbana de forma considerável (a do centro da cidade passou de 150 para 245 hectares; a da zona de expansão da cidade passou de 1400 hectares para 2500) e criámos uma série de apoios à habitação que não se limita a dar resposta aos problemas da população tradicionalmente apoiada, com menos rendimentos, mas, também e sobretudo, apoios à classe média (cada vez mais coartada no exercício do direito à habitação), como são disso exemplo os apoios ao pagamento da prestação ao crédito bancário à habitação, o programa de apoio à eficiência energética das habitações e o programa de arrendamento acessível.

A classe média foi e continuará a ser o verdadeiro motor das cidades e Braga não se esquece disso.