Por Eduardo Baptista Correia
A educação, o sistema e o modelo educativo constituem os mais importantes instrumentos de resolução sustentável do atraso das pessoas, regiões e países, constituindo também o mais poderoso instrumento de promoção do elevador social.
No caso de Portugal, que se encontra numa longa tendência de desaceleração, não é viável vislumbrar rotas de desenvolvimento futuro sem a clara aposta num sistema e modelo de educação verdadeiramente focados no contributo para a formação de jovens cidadãos preparados para os desafios do século XXI.
Apostar forte na educação seria a melhor demonstração da vontade de romper com os paradigmas e comportamentos que gradualmente nos atrasam. Aos fracos governantes fica certamente mais fácil manipular um povo mais dependente do estado, menos culto e preparado que um povo mais culto, preparado e exigente. É a proliferação de pobres em conhecimento e condições de vida que alimenta os extremos e por outro lado contamina e promove o atraso do sistema como um todo. Nesse campo, tem sido evidente o desleixo e a falta de noção quanto à reforma do sistema e do modelo educativo.
Em Portugal, quando se trata de educação surgem invariavelmente 3 tópicos: greves a propósito das condições remuneratórias e evolução da carreira dos professores, a falta de resposta do sistema em determinadas zonas do país e a alteração pontual, sem qualquer desígnio estratégico, dos modelos de avaliação dos alunos ao longo do percurso escolar. No entretanto, no mundo, com alguns exemplos privados muito bem-sucedidos a funcionarem em Portugal, desenvolveram-se modelos, focados nos alunos, que fornecem resultados distintivos no que à qualidade da formação dos jovens diz respeito. E essa, convenhamos, deveria constituir a funcionalidade da educação à volta da qual o sistema e o modelo deveriam evoluir. Não precisamos inventar nada; apenas aprender com quem mostra saber bem fazer.
Para isso seria necessário reformular modelos, conceitos e programas, elevar a educação a níveis técnicos e funcionais, maior índice de processo de criação científica e tecnológica, maior promoção do desporto e da competitividade no espírito desportivo, reforço da educação para a cidadania através da ética meritocrática, civismo e solidariedade, forte aposta no estimulo para a arte e design, forte aposta na educação para a responsabilidade, trabalho e respeito pelo próximo.
Para isso é necessário alterar profundamente o conceito de sala de aula que em Portugal em 2023 está muito mais próximo do de 1923 do que de 2123.
Para isso é necessário dar autonomia às escolas para contratarem os professores, para imporem regras de funcionamento ao seu modelo de integração no respetivo ecossistema. Para isso é necessário pagar melhor aos professores, mas também avaliar melhor os professores e todas funções que gravitam no sistema educativo. Ao ministério da educação deveria apenas e só caber a avaliação das escolas, do seu funcionamento, dos seus resultados. O modelo de funcionamento do ministério da educação inspirado na filosofia da economia de planeamento soviética promove os tumultos sociais, leva para o centro do debate o sindicalismo oportunista e remete para plano secundário o foco na sua função essencial: a educação das gerações mais novas, estabelecendo ciclos de atraso e protesto que, invariavelmente, alimentam os extremos de protesto e soluções simples que, na realidade, não existem.
Ao PSD, que tem efetivamente a obrigação histórica, cravada no seu ADN, de resolver as trapalhadas e irresponsabilidades que a esquerda teima, desde a década de 1970, em criar, não se conhece um projeto, ideias, propostas de solução, desígnios ou atos de estímulo dignos desse nome. Assim será complicado ganhar eleições e destronar o socialismo irresponsável e preguiçoso.