Mesmo a um observador distraído não escapam os sinais de declínio, de irresponsabilidade e de falta de transparência que continuam a marcar a atividade deste segundo Governo de maioria socialista, como se já fizessem parte do seu ADN.
As trapalhadas e as polémicas, à mistura com comportamentos sobranceiros e arrogantes, são tantas e tão variadas, que começa a ser difícil haver quem escape ileso.
Alguns exemplos:
A Saúde pública está caótica, com vantagem para as seguradoras e os hospitais privados, que não têm ‘mãos a medir’. Os doentes sem alternativa ao SNS, ficam dependentes de tempos de espera absurdos, sejam exames, consultas de especialidade ou cirurgias.
Pressionada, a anterior ministra Marta Temido demitiu-se, mas não antes de acabar com as parcerias público-privadas, em obediência ao seu topete ideológico.
O resultado: unidades impecáveis no funcionamento e com menos custos para o Estado – como reconheceu até o Tribunal de Contas –, passaram para a esfera pública, piorando logo a seguir.
Num relatório conhecido em 2021, sobre auditorias efetuadas às PPP da Saúde, entre 2014 e 2019, o TdC concluía que os hospitais em parceria de Cascais, Braga, Vila Franca de Xira e Loures estavam plenamente integrados no SNS e geravam poupanças para o Estado.
Entregues à gestão pública, os mesmos hospitais estão hoje irreconhecíveis, com uma queda abrupta na qualidade dos serviços prestados.
Marta Temido varreu de cena as parcerias público-privadas, com consequências funestas para os doentes. Apesar deste desempenho, já é apontada pelo filho de António Costa como possível candidata socialista à presidência da Câmara de Lisboa.
A ser assim, teremos o sectarismo premiado, como alternativa socialista a Carlos Moedas.
O ex-ministro da Defesa, Gomes Cravinho esbracejou desculpas toscas no Parlamento, numa desajeitada e tardia humildade, para explicar as manchas pouco abonatórias que deixou naquela pasta. Uma delas foi a diretiva com novas regras de linguagem para uso dos militares, em nome de uma política de comunicação oral e escrita ‘inclusiva’.
Teve azar. A diretiva deu borrasca e foi contestada. Gomes Cravinho recuou em toda a linha e assinou um despacho, anulando o documento, alegadamente por este «não evidenciar estado de maturação adequado».
Tal como no empolamento das obras do Hospital Militar de Belém, cujo valor triplicou, Cravinho não soube, não viu, não autorizou. O biombo do costume.
Como recompensa pela sua inexistência na Defesa, Cravinho trocou a farda pela diplomacia. Só não mudou de camuflado…
Já Pedro Nuno Santos, outro ex-ministro, caiu com estrondo, por causa da TAP e do novo aeroporto de Lisboa, envolvendo fartura de dinheiros públicos.
De facto, graças a um capricho ideológico de António Costa – fielmente acompanhado por Nuno Santos –, a renacionalização da TAP está a sair muito cara ao país. Derreteram-se vários milhares de milhões de euros dos contribuintes, em nome da ‘salvação’ da companhia de bandeira, para agora, o mesmo primeiro-ministro a querer privatizar outra vez.
Alguém percebe a ruinosa contradição para os cofres do Estado? E quem responde por este logro da ‘companhia de bandeira’ vital para o país?
Quanto ao novo aeroporto da capital, depois de ‘dar o dito por não dito’ em várias localizações ‘definitivas’, Costa nomeou uma ‘comissão de sábios’ para reexaminar o imbróglio.
Sucede que a coordenadora da comissão, Rosário Partidário, não foi de cerimónias e anunciou que «vamos acolher todas as propostas que recebermos. Vamos ter um mapa, interativo, onde as pessoas vão pôr lá o aviãozinho»…
Perante este divertido método de trabalho, é de recear o pior.
Sem ‘aviõezinhos’ para brincar, a escola pública afunda-se com João Costa, um ministro pródigo em facilidades para iludir o naufrágio, enquanto os professores se deixam pastorear por dois líderes sindicais em competição aberta, de pouco importando o desespero de alunos e famílias, perante greves, protestos e manifestações sem fim à vista.
Desamparado, o ministro da Educação quis riscar os exames do mapa para servir a demagogia estatística, querendo transformar a exceção da pandemia em regra. O analfabetismo funcional ganha cidadania.
Finalmente, no Trabalho, a anedota: uma girl recém-contratada como assessora para a ‘inovação’, pela ministra Ana Mendes Godinho, inovou, alegremente, ao defender numa entrevista a ocupação da ponte sobre o Tejo para pressionar uma solução para a habitação jovem – «acampamos e fechamos a ponte até sermos ouvidos».
Por estranho que pareça, esta assessora continua em funções. A ministra deve achar graça ao desplante da pupila…
Como não compreender o desbafo de Cavaco Silva, ao considerar que «a nossa situação política é, neste momento, muito perigosa». Quem duvida?…