Por Raquel Paradela Faustino
Jurista e Porta-Voz do CDS-PP
Numa altura em que a polarização partidária é uma das preocupações dos portugueses, cabe-nos entender até onde e como pode ser interpretada esta preocupação.
À luz dos exemplos que vivemos nos últimos tempos, com as derrotas de Trump e de Bolsonaro, percebemos a crescente preocupação com o extremar dos discursos. A facilidade com que regressámos aos comentários de ódio. A facilidade com que passámos a aceitar a intolerância como forma de protecionismo. A facilidade com que justificámos as falhas de políticas internas com influências de variáveis externas.
A comunicação social tem o dever de informar e dar a conhecer a profundidade desses extremismos no interior dos partidos nacionais, e nós a obrigação de perceber, exatamente, o perigo que isso acarreta para a nossa sociedade.
Quando se aceita apoiar e votar num partido que defende uma determinada vertente do conservadorismo, temos de compreender verdadeiramente que nos comprometemos com um grau de nacionalismo que terá de determinar a nossa saída da NATO ou até mesmo da União Europeia.
Temos de compreender que quando esse mesmo partido defende que os portugueses deveriam pagar menos impostos, ao mesmo tempo que exige ao Governo a atribuição de um cheque de 125€ a todas as famílias, em todos os meses do ano de 2023, esse partido não está a ser sério, nem apresenta coerência ideológica.
Criando a sua ‘ideologia’ apenas e na medida do que trouxer mais votos, independentemente de proferirem declarações sérias ou não. Para quem é defensor de um estado menos intrusivo e de uma menor carga fiscal, apresentar esta medida é uma contradição. Uma contradição que representa um aumento colossal da despesa publica que, por sua vez, aumentará a carga fiscal sobre os contribuintes.
A direita tem a obrigação de apresentar uma alternativa responsável ao perigo do extremismo, com um bom projeto democrático e um verdadeiro sentido de estado. Aceitando que não se criarão soundbites, nem narrativas populistas que alimentarão uma audiência sedenta de devaneios e ficções, mas sabendo que materializará a sua missão, convicta de que essa integridade fará o seu caminho pelo eleitorado português.
Uma direita humanista e plural, de base liberal, mas com um pendor social. Tendo sempre presente que nem todos tivemos e temos as mesmas oportunidades e que por essa razão o estado tem como obrigação cuidar dos seus, sobretudo de todos os que se encontram em situações de vulnerabilidade.
A direita tem a obrigação de apresentar uma alternativa clara, bem definida nos seus limites e séria nas suas intenções. Uma alternativa à polarização.