Um palácio com cerca de 4.500 anos foi descoberto no Iraque e pode ser considerado uma peça essencial para informações sobre uma das primeiras civilizações conhecidas, os sumérios. Hartwig Fischer, diretor do Museu Britânico, descreveu o local como “um dos locais mais fascinantes" que já visitou.
Porém, segundo o The Guardian, o arqueólogo que liderou a descoberta do templo sumério perdido na antiga cidade de Girsu, revelou ter sido acusado de “inventar” e de ter desperdiçado fundos.
Sebastien Rey liderou o projeto que descobriu o palácio com 4.500 anos no atual Iraque – considerado-o “a chave para mais informações sobre uma das primeiras civilizações conhecidas”.
O Palácio do Senhor dos Reis da antiga cidade suméria de Girsu – agora localizada em Tello, sul do Iraque – foi descoberto durante um trabalho de campo no ano passado por arqueólogos britânicos e iraquianos.
Ao lado da cidade antiga, foram descobertas mais de 200 tabuletas cuneiformes – designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha -, contendo registos administrativos da cidade antiga.
Ao jornal britânico, Ray contou que quando mencionou o projeto pela primeira vez em conferências internacionais, ninguém acreditou nele. “Todo a gente me disse basicamente: “Ah! Não! Você está a inventar, a perder o seu tempo e está a desperdiçar fundos do governo do Museu Britânico do Reino Unido”.
De acordo com o The Guardian, Girsu, uma das primeiras cidades conhecidas na história da humanidade, foi construída pelos antigos sumérios, que entre 3.500 e 2.000 a.C. inventaram a escrita, construíram as primeiras cidades e criaram os primeiros códigos legais. “A cidade antiga foi descoberta há 140 anos, mas o local tem sido alvo de escavações ilegais”, adianta a mesma publicação.
A descoberta é resultado do Projeto Girsu, uma colaboração arqueológica, estabelecida em 2015, liderada pelo Museu Britânico e financiada pelo Museu Getty, com sede em Los Angeles.
Além do palácio e das tábuas, também foi identificado o templo principal dedicado ao deus sumério, Ninĝirsu.
Segundo Hartwig Fischer, diretor do Museu Britânico, o local da antiga cidade no sul do Iraque foi “um dos locais mais fascinantes que já visitou”: “A colaboração entre o Museu Britânico, conselho estadual de antiguidades e património do Iraque, e o Getty Villa representa uma nova maneira vital de construir projetos cooperativos de património cultural internacionalmente. Estamos muito satisfeitos que a visita de hoje possa celebrar as recentes descobertas resultantes dessa colaboração e continuar o compromisso de longo prazo do Museu Britânico com a proteção da herança cultural do Iraque, o apoio à pesquisa inovadora e o treinamento da próxima geração de arqueólogos iraquianos em Girsu”, afirmou.
“Embora o nosso conhecimento do mundo sumério permaneça limitado atualmente, o trabalho em Girsu e a descoberta do palácio e do templo perdidos têm um enorme potencial para a nossa compreensão dessa importante civilização, lançando uma luz sobre o passado e informando o futuro”, acredita o responsável.
Por sua vez, o ministro da cultura do Iraque, Ahmed Fakak Al-Badrani, disse: “As escavações arqueológicas britânicas no Iraque revelarão ainda mais eras antigas significativas da Mesopotâmia, pois é um verdadeiro testemunho dos fortes laços entre os dois países para aumentar a cooperação conjunta entre os dois países”.