João Gomes Cravinho considerou, esta sexta-feira, que a derrota da Ucrânia seria a "vitória do imperialismo sobre o multilateralismo e o direito internacional", e Portugal seria "tão perdedor" como os ucranianos.
"A derrota da Ucrânia seria a vitória do imperialismo sobre o multilateralismo e o direito internacional. Se for esse o resultado, países como Portugal, e a generalidade das nações que compõem a comunidade internacional, seriam tão perdedores quanto a Ucrânia", disse o ministro nos Negócios Estrangeiros, no dia em que se assinala um ano desde o início da invasão russa, na sequência no debate temático sobre a situação na Ucrânia, que decorre hoje na Assembleia da República, acrescentando que "a sobrevivência e a vitória do multilateralismo e do direito internacional não é, apenas, uma questão de ideologia".
"É uma questão decisiva, incluindo para Portugal. Precisamos de poder contar com um sistema internacional, e com mecanismos de diálogo baseados em regras, para que esteja plenamente garantida a nossa soberania e capacidade de decidirmos os nossos próprios destinos", disse ainda.
O ministro afirmou também que o regresso da guerra "em grande escala à Europa pela mão de Vladimir Putin" obriga "a confrontar ideias feitas sobre o presente do continente europeu e sobre o futuro da ordem internacional".
"Não esqueçamos hoje, neste triste aniversário, que a batalha maior que se trava hoje na Ucrânia, é entre o regresso à lei do mais forte, que caracterizou a primeira metade do século XX, e a sobrevivência do multilateralismo assente em regras do direito internacional, do diálogo e da diplomacia", referiu.
Gomes Cravinho friso ainda que "faz parte dos paradoxos e das tragédias da vida internacional que há momentos em que a paz apenas se conquista pela força das armas" e que "o combate dos ucranianos pelo seu território é também o combate por um mundo mais decente, mais ordeiro e mais pacífico", tratando-se do direito inerente de legítima defesa "de que dispõe qualquer nação atacada, um direito previsto no artigo 51º da Carta das Nações Unidas".
"É neste contexto que fornecemos já cerca de 315 toneladas de material militar, um valor que, com a próxima remessa, aumentará para 532 toneladas, incluindo viaturas blindadas, geradores, munições, e equipamento médico e sanitário. Procurámos, em cada momento, corresponder às necessidades militares mais prementes da Ucrânia, à medida das nossas capacidades e com elevada generosidade", concluiu.