Aprendemos que as notícias não podem ser classificadas como ‘boas’ ou ‘más’. São notícias. Ponto. Mas há sempre a tentação de colocá-las num dos lados, até porque quando se trata logo à partida de um tema que ninguém quer dar, é quase impossível não associar de imediato a algo mau. Foi precisamente isso que aconteceu há um ano, quando a 24 de fevereiro as manchetes de todo o mundo anunciavam a invasão à Ucrânia pelas tropas russas e o regresso confirmado da guerra à Europa.
Volodymyr Zelensky completava à data três anos como presidente ucraniano e tornar-se-ia nos 365 dias seguintes o rosto da resistência de um país. Herói mais improvável seria difícil de encontrar, depois de ter feito carreira durante mais de duas décadas como comediante, ator e produtor, chegando a protagonizar na série ‘Servo do Povo’ (uma sátira política que também produziu, com estreia em 2015) o papel de governante do seu país. Um ensaio ainda assim muito distante do que poderia esperar vir a encontrar sete anos depois.
Desde então, Zelensky tem feito das palavras as suas principais armas, com os discursos sobre a guerra a marcarem o seu último ano de mandato. «Quando nos atacarem, verão os nossos rostos, não as nossas costas», foi a primeira frase marcante e que correu mundo quando a ameaça de guerra era já evidente. Apelando ao diálogo, prometeu lutar pela liberdade e pela democracia até a paz ser restabelecida. Há duas semanas voltou a discursar, no Hall de Westminster, reforçando a mesma mensagem ao pedir «asas para a liberdade». «Apelo ao Reino Unido e ao mundo, com palavras simples mas muito importantes: enviem aviões de guerra para a Ucrânia, asas para a liberdade». E se há imagens que valem mais do que mil palavras, a visita surpresa de Joe Biden a Kiev dias antes de completar um ano da invasão russa provou-o. O presidente dos EUA sublinhou que «a liberdade não tem preço». Como a Paz, que se anseia em vibrantes tons de azul e amarelo.