Por António Maria Coelho de Carvalho, OCA reformado
Aparecem frequentemente na comunicação social temas promovidos a ‘problemas nacionais’: a escravatura do tempo dos nossos tetravós, os massacres que fizemos aos povos colonizados, a miséria em que vivíamos no Estado Novo, a censura e a falta de liberdade que o salazarismo impunha, a eutanásia, agora a pedofilia na Igreja Católica… Tudo muito politicamente correto.
Por uma questão de feitio, tenho sempre lutado pela ‘verdade dos factos’ e não vale a pena confrontarem-me com dificuldades filosóficas para entendermos o que é a verdade. Para mim, é aquilo em que no momento acredito. Como sou curioso e tenho procurado conhecer perspetivas diferentes do meu ponto de vista, perdoem-me a imodéstia, considero-me intelectualmente honesto.
Não sei se quem lança aquelas atoardas é de esquerda ou de direita, o que sinto e penso é que não gosta de Portugal e dos portugueses. Logo não gosta de mim, e eu pago-lhes na mesma moeda.
A eutanásia só é um problema grave para uma parte microscópica dos portugueses e suas famílias, não é um problema nacional. Problemas nacionais são a mediocridade da governação, a saúde, a educação, a pobreza e a habitação, a corrupção, a baixa natalidade, a emigração e, agora, a imigração.
Era com os verdadeiros problemas nacionais que o Presidente da República, os governantes e os tribunais se deviam preocupar.
Eu preocupo-me principalmente com a saúde. Talvez exageradamente. O problema da saúde dos portugueses não é só haver um SNS organizado pelo Estado e clínicas privadas geridas por particulares, é, principalmente, haver diversas terapêuticas. Umas, ‘modernas’, que se dizem ‘científicas’, baseadas nas teorias de Pasteur e sustentadas pela indústria farmacêutica e outras, baseadas no pensamento de Hipócrates, que recorrem mais aos conhecimentos tradicionais e às descobertas de Béchamp.
Como a pandemia covid-19 amplamente demonstrou, as ‘terapias científicas’ dominam universalmente nos cuidados médicos prestados. Só elas são consideradas confiáveis pela maioria esmagadora da população, de tal maneira que os médicos das ‘medicinas alternativas’ sofrem perseguições de governantes e são enxovalhados por colegas alopatas…
Embora a medicina ‘oficial’ se tenha tornado uma espécie de religião dominante, em alguns países já é possível criticar a teoria microbiana de Pasteur, denunciar o boicote de produtos naturais e noticiar os escândalos relacionados com as vacinações contra a covid-19. Em Portugal, infelizmente, ainda não.
Vi na televisão o embarque para a Turquia do Dr. Gustavo Carona, médico intensivista, integrado nos Médicos sem Fronteiras. O Dr. Carona também é cronista do Público e acérrimo . defensor da ‘medicina científica’. Creio que é boa pessoa, mas também um bom exemplo do fanatismo que contaminou a classe médica em Portugal.
Sofrendo de dores atrozes que lhe fizeram perder o gosto de viver escreveu, numa sua crónica em agosto de 2022: Há três coisas que eu odeio que me digam: 1. «Vai correr tudo bem». 2. «Já tentaste medicinas alternativas?; 3. «Já foste lá fora?».
Noutra crónica, esta do Dr. Vasco M. Barreto, investigador em biologia molecular, em Abril de 2019, com o título Como parar a charlatanice que são as medicinas alternativas? podemos ler «[…] Com a ajuda da RTP e de uma população alienada, o lobby dos charlatões das medicinas alternativas continua a vencer. Falamos da acupuntura, fitoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia e medicina tradicional chinesa. […] Regular o charlatanismo é ridículo, mas é sobretudo muito estúpido e perigoso. É preciso criar uma cultura em que as pessoas terão vergonha de dizer que foram ao homeopata ou que são homeopatas. Chega de cordialidade».
Também acho. Estes dois exemplos chegam para ver a cordialidade com que os defensores e praticantes das ‘medicinas alternativas’são tratados.
Só mais uma achega. O Dr. Manuel Pinto Coelho tem sido um alvo predilecto dos defensores da ‘medicina científica’. Num dos seus primeiros livros, o Dr. Pinto Coelho aconselhou a água do mar como suplemento mineralizante e possível substituto do plasma sanguíneo. Chamaram-lhe tudo, de ignorante a aldrabão.
Ignorantes são os seus críticos que ignoram a existência e obra de René Quinton, sábio autodidata francês, nascido em 1866, que formulou uma teoria revolucionária, nunca desmentida e cujo ‘plasma de Quinton’ poderia ter sido uma ajuda preciosa na situação crítica que se está a viver hoje na Turquia e na Síria.