O chanceler alemão, Olaf Scholz, apelou, esta quinta-feira, à China para que não envie armas para ajudar as forças russas na Ucrânia, aconselhando, em vez disso, a tentar exercer pressão sobre Moscovo para retirar as suas forças da Ucrânia.
«A minha mensagem para Pequim é clara: usem a vossa influência em Moscovo para exigir a retirada das tropas russas», disse o chanceler. «E não entregue nenhuma arma ao agressor, Rússia».
Esta mensagem foi transmitida durante um discurso no parlamento alemão, em que Scholz afirmou estar dececionado com o facto de Pequim não ter «condenado a invasão russa», embora tenha saudado os seus esforços para reduzir a escalada nuclear.
Na quarta-feira, a China negou qualquer intenção de fornecer armas à Rússia.
«A China não vai realizar qualquer venda militar a partes beligerantes ou para áreas em conflito», disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa resposta enviada à agência Lusa.
O ministério acrescentou ainda que Pequim «teve sempre uma atitude prudente e responsável» na exportação de armas e equipamento militar.
Além desta mensagem para Pequim, Scholz também voltou a apelar diretamente à Rússia para que retire as suas tropas da Ucrânia, mas deixou claro que o Presidente Vladimir Putin não está pronto para negociações sobre uma «paz justa» e o fim da guerra.
«Nada sugere» que Putin se deslocaria à mesa de negociações neste momento, disse Scholz.
Visita de Lukashenko
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, chegou, esta terça-feira, à China, para uma visita oficial de três dias, e esteve reunido com o seu homólogo chinês, Xi Jinping. Juntos, os políticos apelaram a um cessar-fogo e incentivaram a realizar negociações para chegar a uma solução política para a invasão da Ucrânia.
«A Bielorrússia e a China estão interessadas em evitar uma escalada da crise e prontas para fazer esforços para restaurar a paz e a ordem regional», pode ler-se num comunicado divulgado pelas duas nações, onde é expressada uma «profunda preocupação com o desenvolvimento do conflito armado na região europeia e extremo interesse no estabelecimento da paz o mais rápido possível na Ucrânia».
Esta visita acontece depois de, na semana passada, ter sido revelado que Xi Jinping se vai deslocar à Rússia para se encontrar com Vladimir Putin, e depois da China ter proposto um plano de 12 pontos para encerrar o conflito.
O plano da China, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, na passada sexta-feira, dia que coincidiu com o primeiro aniversário da invasão russa na Ucrânia, pede também o fim das sanções ocidentais contra a Rússia, o estabelecimento de corredores humanitários para a evacuação de civis e medidas para garantir a exportação de cereais depois de as interrupções terem feito com que os preços globais dos alimentos disparassem no ano passado.
Para a maior parte dos líderes ocidentais, porém, o governo chinês não tem credibilidade internacional para atuar como mediador no conflito Rússia-Ucrânia, dada a ambiguidade assumida desde a primeira hora. Pequim tem evitado sempre condenar a invasão russa.
«De momento, a China não aparece como um mediador credível porque continua a considerar a guerra na Ucrânia apenas uma ‘crise’ e não uma guerra», disse ao Nascer do SOL, Patrícia Daehnhardt, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA).