Estrelas maiores da NBA

Michael Jordan e LeBron James fazem parte da história da NBA. Os dois fantásticos jogadores são de épocas diferentes, mas as comparações são inevitáveis entre dois ‘gigantes’ com mãos de veludo.

por João Sena

Na NBA só entram os melhores do mundo, mas ainda há uma diferença entre um bom jogador e as estrelas. Michael Jordan e LeBron James são dois mitos americanos e pertencem ao universo dos foras de série que voam, ou voaram, sobre os cestos com uma habilidade incrível e um desejo insaciável de vencer. Jordan era um jogador veloz, dominante e com uma extraordinária capacidade de improviso, LeBron destaca-se pela versatilidade, adaptou o seu jogo às necessidades das equipas onde jogou, e por ser um hábil marcador. Houve outras superestrelas na NBA (Kareem Abdul-Jabbar, Wilt Chamberlain, Magic Johnson e Kobe Bryant), mas sem reunir o consenso de Jordan e LeBron. Quem é o melhor ‘GOAT’ (Greatest of All Time) é uma discussão que passa muito pelo gosto pessoal de cada um.

Michael Jordan nasceu em Nova Iorque em 1963, mas cresceu na Carolina do Norte. A sua primeira paixão foi o beisebol, o basquetebol veio depois. Em 1984, estreou-se nos Chicago Bulls e, em 2001, mudou-se para os Washington Wizards, onde terminou a carreira. Disputou 15 temporadas e deixou um importante legado e muitos fãs. Em setembro do ano passado, a camisola que usou no jogo de abertura das finais da NBA de 1998 foi vendida em leilão por 10 milhões de dólares – é a peça desportiva mais cara da história.

Le Bron James nasceu no estado de Ohio em 1984 – ano em que Jordan se estreou na NBA – e começou a jogar futebol americano antes de se converter ao basquetebol. Estreou-se em 2003 nos Cleveland Cavaliers, em 2010 mudou-se para os Miami Heat e, em 2018, transferiu-se para os Los Angeles Lakers, onde ainda se mantém. São 20 anos ao mais alto nível. Grande parte da carreira destes extraordinários jogadores foi feita com o número 23 na camisola. Nunca se defrontaram num recinto de jogo. Jordan fez a sua última partida em abril de 2003 e LeBron estreou-se em outubro desse mesmo ano. Existe, porém, a possibilidade de se encontrarem, num futuro próximo, como donos de equipa. Jordan é proprietário maioritário dos Charlotte Hornets e LeBron já manifestou interesse em comprar uma equipa da NBA. Se isso acontecer, volta a velha conversa de saber quem é o melhor, mas agora como dono de equipa.

 

Mãos vencedoras

Michael Jordan marcou o basquetebol americano. O estilo de jogo e a técnica eram impressionantes e a presença em campo criava grande impacto nos rivais, sobretudo no jogos decisivos. Na primeira vez que jogou no mítico Madison Square Garden, Jordan foi ovacionado de pé pelos adeptos dos New York Knicks. Ninguém ganhou tantos títulos como ele. Esteve em seis finais e ganhou-as todas, recebeu por cinco vezes o título de Most Valuable Player (MVP) da época regular e foi distinguido como o melhor jogador nas seis fases finais em que esteve presente. Jordan deliciou os amantes da NBA em 1072 partidas, conseguindo a bonita média de 30,1 pontos por jogo, que ainda hoje é recorde. O seu melhor registo são 63 pontos no jogo contra os Boston Celtics, que mereceu o seguinte comentário da estrela da equipa adversária: «Deus disfarçado de Michael Jordan». No meio de tantos títulos, ‘só’ marcou 32.292 pontos, bem longe do recorde de LeBron, mesmo assim terminou a carreira com 49,7% de eficácia nos lançamentos em 41.011 minutos passados em campo. Poderia ter outros registos, mas interrompeu por duas vezes a carreira alegando exaustão física e mental. Jordan revolucionou os Chicago Bulls. Antes dele, nunca tinham conquistado um título, quando saiu deixou seis troféus no museu.

LeBron esteve em dez finais e venceu quatro, mas ainda não fechou a carreira, pelo que pode alcançar Jordan. Após 20 anos ao mais alto nível, o King James tocou o céu ao estabelecer um novo recorde com 38.424 pontos em 1412 jogos, dito de outra forma, em cada duas vezes que lançou a bola ao cesto, concretizou uma, conseguindo uma eficácia de 50,4%. Até ao momento jogou 53.797 minutos e tem sido o terror dos adversários. Tem uma média de 27,2 pontos por jogo, o seu melhor registo foi 61 pontos numa partida. São números impressionantes que não devem ficar por aqui. Aos 38 anos, muitos acreditam que LeBron queira superar a barreira dos 40.000 pontos e jogar com o seu filho, Bronny James, que deverá dar o salto para a NBA na temporada 2024/25, altura em que LeBron terá 40 anos. Além de ser o melhor marcador de sempre, as estatísticas do jogador dos LA Lakers apresentam melhores valores nas recuperações e assistências.

Naturalmente que os dois foram Rookie of the Year (1985 e 2004). Jordan jogou todos os 82 jogos da temporada regular em nove das 15 temporadas que disputou, ao passo que LeBron só por uma vez em 20 anos disputou todas as partidas. Além dos títulos da NBA, ambos foram campeões olímpicos por duas vezes.

 

Enormes fora de campo

Jordan e Le Bron estão entre os atletas mais influentes do mundo e são também uma autêntica máquina de faturar. Segundo a revista Forbes, Jordan tem um património líquido de 1,7 mil milhões de doláres, LeBron fica-se pelos mil milhões de dólares líquidos – estes valores são provenientes de ordenados, publicidade e investimentos. O império de Jordan está ligado à restauração, além de ser dono de uma equipa da NASCAR e acionista de uma equipa da NBA e de beisebol. A estrela dos Lakers é um verdadeiro empreendedor, além de negócios com várias empresas, tem participações em clubes de futebol (Liverpool), beisebol e hóquei no gelo.

As duas estrelas da NBA destacam-se também por ações filantrópicas. Jordan doou milhões de dólares a várias instituições de caridade. No período da pandemia, Jordan abriu uma segunda clínica para prestar apoio médico à comunidade de Charlotte. LeBron lançou em 2004 a James Family Foundation, com a missão de ajudar as crianças e jovens necessitados e contribuir para melhor aproveitamento escolar.