Os jogos de tabuleiro ganharam uma segunda vida e a pandemia contribuiu para isso. Nas prateleiras superiores das estantes ou retirados das gavetas, os períodos de confinamento serviram para tirar o pó aos jogos tradicionais. Possivelmente também foi a fase mais oportuna para conseguir terminar um jogo como o Monopólio, conhecido como o ‘O Jogo Financeiro mais Famoso do Mundo’ ou ‘A Única Forma de Conhecer a Sensação de Comprar Casa nas Zonas Nobres de Lisboa’, se for feita a adaptação ao mercado português.
O próprio negócio dos jogos também se transformou, tentando acompanhar os ventos da mudança tecnológica. No caso concreto do ‘Monopoly’, as reedições foram sempre introduzindo novidades, com destaque para uma das mais evidentes: o dinheiro disponibilizado para cada jogador antes do início do jogo deixou de ser feito em notas e passou para cartões, com a devida maquineta para as operações de compra e venda de casas. Provavelmente já andará por aí uma nova edição, com códigos QR, pelo menos não seria de estranhar.
Afinal, hoje em dia, deixar a carteira em casa deixou de ser um problema, com o telemóvel a tornar-se o centro de todas as operações. Dos pagamentos aos próprios jogos, bem como as tentativas de aproximar a experiência vivida no smartphone aos tabuleiros físicos, com pedidos para abanar o telemóvel em casos específicos como no lançamento de dados. Mas num momento em que tudo pode ser encontrado no universo digital, os velhos hábitos parecem cada vez mais estar a ganhar uma nova força, como a impressão de fotografias, os vinis e os gira-discos.
É que os telemóveis e os computadores até podem guardar milhares de imagens e vídeos, mas qualquer apagão já provou que pode deixar-nos sem memórias. Ao contrário daquelas que se constroem à volta de um jogo de tabuleiro. Que até permitem fantasiar com o direito à habitação e rir quando se é enviado diretamente para a prisão…