O conselho de administração da Transtejo/Soflusa, responsável pelas ligações fluviais no rio Tejo, pediu, esta quinta-feira, a exoneração, após um relatório do Tribunal de Contas (TdC), que indica que a empresa levou a cabo práticas ilegais e irracionais.
Em causa está a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros, cujo contrato foi adicionado a um outro já previamente verificado pelo Tribunal de Contas, para a aquisição de dez novos navios por 52,4 milhões de euros, dos quais apenas um tinha bateria adequada.
"A Transtejo comprou um navio completo e nove navios incompletos, sem poderem funcionar, porque não estavam dotados de baterias necessárias para o efeito. O mesmo seria, com as devidas adaptações, comprar um automóvel sem motor, uma moto sem rodas ou uma bicicleta sem pedais, reservando-se para um procedimento posterior a sua aquisição", sublinhou o TdC.
“O comportamento da Transtejo, com a prática de um conjunto sucessivo de decisões que são não apenas economicamente irracionais, mas também ilegais, algumas com um elevado grau de gravidade, atinge o interesse financeiro do Estado e tem um elevado impacto social", lê-se ainda no mesmo relatório.
Entretanto, a presidente do conselho de administração, Marina Ferreira, garantiu, esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas no Terminal Fluvial do Cais do Sodré, que “o procedimento foi bem feito e promoveu o interesse público" e que as considerações do Tribunal de Contas são "ofensivas e ultrajantes".
O Ministério do Ambiente e Ação Climática veio informar que o pedido de demissão da administração da Transtejo/Soflusa “foi aceite” e que irá anunciar novos quadros “em breve”.