Portugal vai voltar a ter uma "pelo menos" uma fábrica de comboios que poderá empregar mil pessoas. O anúncio foi feito pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, no seguimento de uma audiência com deputados da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.
A informação vem na sequência do concurso de compra de 117 automotoras para os serviços suburbanos da CP. “A CP vai reforçar a oferta com 117 novos comboios, garantindo, simultaneamente, uma nova fábrica em Portugal. Podemos dizer, com toda a confiança, que na pior das hipóteses teremos uma fábrica em Portugal”, afirmou o ministro, acrescentando, em resposta ao deputado socialista Hugo Costa, que “na melhor das hipóteses, teremos uma fábrica melhor”.
As automotoras serão adquiridas através de um concurso de compra que já se encontra na fase final, tendo como candidatos o consórcio franco-português Alstom/DST, os suíços da Stlander e os espanhóis da CAF.
O concurso público, avaliado em 819 milhões de euros, irá dar mais pontos às propostas que incluam maior incorporação nacional e ainda a construção de uma unidade de produção junto à oficina de manutenção de material circulante de Guifões. A única empresa que prevê a construção de uma fábrica no seu projeto é a Alstom.
João Galamba aproveitou ainda para sublinhar a importância da ferrovia como forma de "industrializar o país", defendendo a criação de iniciativas que se "traduzam em investimento", desde que em articulação com as unidades existentes.
O governante abordou também a temática portuária, afirmando que a criação de "um pacote de medidas iniciará um novo capítulo para os portos nacionais", passando por uma reforma legislativa do setor para simplificação administrativa, alteração do limite do prazo das concessões, especialização dos portos, incentivos à captação de investimento e fomento da especialização dos trabalhadores.
Este anúncio vem num momento em que Portugal se prepara para "ser um relevante produtor de hidrogénio e os seus derivados – amónia e metanol – e ainda de combustíveis sintéticos como o jet fuel". Deste modo, os portos portugueses, podem "constituir-se como uma das principais plataformas de bunkering [abastecimento] na Europa. João Galamba reforçou ainda que é "urgente que o setor incorpore rapidamente respostas e medidas tendo em conta os efeitos e impacto da pandemia e do conflito na Ucrânia, apostando no reforço da industrialização", pois "Portugal beneficia de condições naturais e de uma posição geoestratégica única da qual se deve tirar ainda mais partido".