A economia portuguesa deverá crescer 1,8% este ano e 2% em 2024 e 2025. Estas são as mais recentes previsões do Banco de Portugal (BdP) que explica que “a evolução crescente da atividade beneficia da redução esperada da incerteza, do maior crescimento do rendimento real das famílias e do recebimento de fundos europeus, mas será condicionada pelo ambiente financeiro mais restritivo”.
E explica que face a dezembro, a projeção para o crescimento do PIB em 2023 é revista em alta, “refletindo uma evolução mais favorável das exportações de turismo e, em menor grau, do consumo privado”.
No que diz respeito aos preços, a inflação situa-se nos 5,5% este ano, caindo para 3,2% no ano seguinte e para 2,1% em 2025. O banco central liderado por Mário Centeno destaque que, nos próximos trimestres, “esta trajetória de redução assentará na evolução dos preços dos bens energéticos e alimentares, mas deverá generalizar-se posteriormente, num contexto de normalização da política monetária”.
Para o BdP, a redução da inflação este ano é mais expressiva do que o projetado em dezembro, “traduzindo o ajustamento nos mercados energéticos”. Já as projeções para 2024-25 permanecem praticamente inalteradas.
No mercado de trabalho, o emprego deverá manter-se elevado “e projetam-se ganhos do salário médio real”. Por sua vez, a taxa de desemprego aumenta para 7% em 2023, reduzindo-se nos anos seguintes, para se fixar em 6,7% em 2025.
No que diz respeito ao consumo privado, projeta-se um aumento de 0,3% este ano, “enquadrado pelo crescimento contido do rendimento disponível real e pela recuperação da taxa de poupança. O abrandamento dos preços e a evolução dos salários contribuem para um maior crescimento do rendimento disponível real em 2024-25, permitindo um aumento do consumo privado de 1,2%, em média, a par de uma recuperação da taxa de poupança para um valor próximo do observado antes da pandemia”, diz o BdP.
Já o investimento cresce 2,3% este ano, “condicionado pela subida dos custos de financiamento”. Nos dois anos seguintes acelera para 4,7%, em média, “continuando a beneficiar de fundos da União Europeia, em particular dos associados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.
O banco informa ainda que as exportações totais crescem acima da procura externa no horizonte de projeção (4,1% face a 2,9%, respetivamente, em média, em 2023-25), “salientando-se o dinamismo das exportações de serviços”. E a balança corrente e de capital “deverá voltar a registar excedentes, ultrapassando 2% do PIB, em média, e refletindo, em larga medida, a melhoria do saldo de bens e serviços”.
Mas há riscos. “Identificam-se riscos globalmente em baixa para a atividade e em alta para a inflação”, diz o Banco de Portugal que diz que os principais “incluem o impacto da normalização da política monetária, o aumento das fricções nos mercados financeiros e o escalar do conflito na Ucrânia. As recentes tensões nos mercados financeiros implicam riscos adicionais de magnitude incerta. Na inflação, o principal risco advém de pressões internas, via salários e margens das empresas e de políticas orçamentais que estimulem a procura”.