Chegada a Primavera e com a mudança para o horário de verão agendada já para este domingo, não é difícil começar a imaginar que todos os caminhos vão dar ao Algarve. Por estes dias, mais precisamente ao Autódromo Internacional, em Portimão, que recebe pelo quarto ano consecutivo a prova do Mundial de MotoGP, este ano com a particularidade de ser o desafio inaugural deste Campeonato do Mundo. Este fim de semana, e agora como piloto oficial da Aprilia da RNF, o piloto português Miguel Oliveira prepara-se para acelerar para mais uma temporada. A começar em casa, e apesar das diferentes circunstâncias, é difícil não recordar a vitória categórica conseguida naquele mesmo traçado algarvio, há menos de dois anos e meio. Naquele final de novembro, ‘Falcão’ voou para o lugar mais alto do pódio sem dar hipóteses à concorrência, em mais um capítulo histórico para o desporto português. Afinal, a poesia também pode ter motor. Ou o motor desencadear a poesia. Em 2018 os relatos do brasileiro Guto Nejaim ganhavam destaque, depois deste comentador citar dois poemas em dois dos triunfos alcançados pelo almadense, à época em Moto2, campeonato que Oliveira terminou com o título de vice-campeão, garantindo pela primeira vez a entrada de um piloto português no principal campeonato do mundo de motociclismo.
Na primeira ocasião, o comentador declamou o poema “Viagem” de Miguel Torga; seguindo-se o poema “O Infante”, de Fernando Pessoa. E a propósito do Dia Mundial da Poesia, assinalado por estes dias, Pessoa continua a ser o poeta com mais textos apócrifos espalhados pela internet e partilhados inúmeras vezes. Apesar dos heterónimos por ele criados, seria quase impensável associar algumas das frases ao génio. Daí a verdadeira diferença entre pessoa e Pessoa.
Curiosidades à parte, voltemos por agora a colocar os olhos a sul do país, naquele que se espera vir a ser o local onde se pode voltar a escrever mais um poema de um autor português.