O Papa Francisco aceitou a renúncia do bispo de Osnabrück, D. Franz-Josef Bode, vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã desde 2017.
O bispo, de 72 anos, tinha sido acusado de má gestão das acusações de abusos sexuais na sua diocese, que lidera desde 1995.
"Nos quase 32 anos de meu ministério episcopal, quase 28 deles como bispo de Osnabrück, carreguei a responsabilidade em uma Igreja que trouxe não só bênçãos, mas também culpas", lê-se num comunicado do bispo, divulgado no sábado, dia em que foi tornado público que a sua renúncia tinha sido aceite pelo Papa.
O bispo admitiu que em “casos de violência sexual por parte do clero” teve tendência a centrar-se “mais nos perpetradores e na instituição do que nas vítimas”, “durante muito tempo”.
“Eu julguei mal os casos, muitas vezes agi de forma indecisa, tomei muitas decisões erradas e não estive à altura de minha responsabilidade como bispo”, acrescentou.
Um relatório, de 600 páginas, divulgado em setembro do ano passado e intitulado "Violência sexual contra menores e pessoas vulneráveis pelo clero na diocese de Osnabrück desde 1945”, referia que nas primeiras décadas de seu mandato, D. Franz-Josef Bode manteve ou nomeou para outros cargos, incluindo funções de liderança na pastoral juvenil, suspeitos de abusos sexuais.
Sublinhe-se que o bispo, enquanto vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, teve um papel importante no Caminho Sinodal Alemão, processo de discussão, iniciado em 2019, entre bispos e leigos, de uma organização oficial financiada por impostos da Alemanha, que tem como objetivo discutir temas como o exercício do poder, a moral sexual, o sacerdócio e o papel das mulheres na Igreja.
O bispo de Limburg, D. Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, já reagiu à renúncia e disse: “Hoje perco meu companheiro mais próximo no Caminho Sinodal, que ainda tem muitas etapas pela frente”, citou o site ACI Digital.
Sublinhe-se que Franz-Josef Bode tinha anunciado recentemente que aplicaria as diretrizes aprovadas pelo Caminho Sinodal Alemão de permitir bênçãos de uniões homossexuais e já se tinha também mostrado a favor da ordenação de diaconisas.