Brainjacking é a nova ameaça

Musk foi recentemente proibido pela Food and Drug Administration de testar chips em cérebros humanos, através da Neuralink, empresa de biotecologia que fundou.

Por Luís Castro, Jornalista

Elon Musk alerta que para lá do ChatGPT4 estará a ruína da Humanidade. É caricato que os génios de Silicon Valley, aqueles que andaram todos estes anos a estimular a Inteligência Artificial, sejam os mesmos que agora lhe querem impor uma pausa por seis meses porque, dizem, o desenvolvimento da IA está fora de controlo e pode provocar «uma mudança profunda da história da Terra».

A carta aberta da Future of Life Institute (FOLI), uma Instituição de pesquisa norte americana sem fins lucrativos, é assinada por mil e cem fundadores e pesquisadores das Big Tec. Mas, igualmente curioso é que Musk, um dos promotores do documento, foi recentemente proibido pela Food and Drug Administration (FDA) de testar chips em cérebros humanos, através da Neuralink, empresa de biotecologia que fundou e foi, também, co fundador da OpenAI, a mesma empresa que agora acusa de estar a contribuir para a submissão do ser Humano à superinteligência artificial.

Para Elon Musk, fundador da Tesla, e Steve Wozniak, cofundador da Apple, bem como para o cientista Stuart Russel ou os pesquisadores da Deep Mind, há uma corrida louca e sem controlo para desenvolver a IA mais poderosa, cujo resultado «ninguém, nem mesmo os seus criadores, poderá prever, entender ou controlar de forma confiável». Mais: as máquinas, alertam, poderão em breve inundar o mundo com propaganda e falsidade, pondo em causa a Democracia.

Na carta com o título ‘Pause Giant al Experiments’ são levantadas questões como se devemos desenvolver mentes não humanas que possam superar os seres humanos em número, que serão mais inteligentes e capazes de tornar as nossas mentes obsoletas e com capacidade de nos substituir, arriscando-nos a perder o controlo sobre a nossa civilização.
Dizem ter visto nos últimos meses os laboratórios de IA numa corrida sem controlo para desenvolver e implantar mentes digitais, cada vez mais poderosas, com capacidade de superar o ser Humano e de automatizar todas as oportunidades de emprego. 

Por tudo isto, os génios das Big Techs convocam todas as empresas a parar de imediato o desenvolvimento de sistemas de IA que sejam mais poderosos que o GPT4, aquela que consideram ser a última fronteira antes que provoquem danos profundos para a sociedade e humanidade. Caso tal não aconteça, eles e o Future of Life Institute pedem aos governos que intervenham e decretem a moratória, criando «autoridades regulatórias capazes e dedicadas à IA». 

Recentemente, Itália suspendeu a utilização do ChatGPT até que se perceba como o algoritmo recolhe informação dos cidadãos. Também os EUA, Reino Unido e a UE estudam propostas para a regulamentação da tecnologia. Por cá, a carta divulgada há pouco mais de uma semana não mereceu a atenção de jornalistas e comentadores, mais interessados que estão em discutir os eventuais ‘arrufos’ entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.

Por estes dias os cientistas ficaram ainda mais preocupados com o que os engenheiros das tecnológicas estão a desenvolver e já lançaram vários gritos de alerta: há um novo patamar de ameaça à segurança do ser Humano que se chama ‘brainjacking’. A implementação de chips de IA no cérebro, mais frequentes e poderosos, são, igualmente, mais suscetíveis das configurações serem por IA pirateadas através da estimulação de áreas do cérebro para monitorizar as vítimas, induzir mudanças comportamentais, inibir movimentos, aumentar a dor, induzir hipersexualidade ou jogos patológicos. 

A verdade é que – para o bem, até agora –, a IA já ‘hackeou’ o nosso cérebro e as nossas emoções, mas pode estar a um passo de conseguir estilhaçar o que ainda nos distingue da máquina – o livre arbítrio.