Ignorantes que mandam

O atual Governo constitui o expoente máximo na curta história da frágil democracia portuguesa da facilidade com que a incompetência manda.

por Eduardo Baptista Correia

Longa mas entretanto esquecida foi a discussão quanto à verificação do passado dos nomeados para cargos de governação no sentido de garantir a inexistência de situações de incompatibilidade ou conflito de interesses. A importância do perfil profissional, ético, político e humano de quem ocupa um cargo de governação é de tal forma relevante que faz todo o sentido, em Portugal, aumentarmos o crivo de exigência na avaliação dos putativos ocupantes.

Num sistema de democracia moderna e inovadora essa avaliação requer maior transparência meritocrática. Mais, os partidos concorrentes às eleições legislativas deveriam, em abono da transparência, ética e responsabilidade para com o eleitor, indicar quem são as personalidades que apontam para cargos de governação. Desse modo a capacidade e competência para governar estariam melhor asseguradas, cabendo ao eleitor decidir de forma informada e consciente sobre quem, efetivamente, deve conduzir os destinos do país. O atual sistema para alem de constituir uma antecâmara de um estilo autoritário, onde o primeiro ministro detém a quase totalidade do poder de nomear e demitir, tem o ónus, esse sim quanto a mim mais grave, de permitir a nomeação de boys e girls carreiristas do partido, sem qualquer experiencia e capacidade para gerir para além da espuma das noticias e dos pequenos interesses vulgares que alimentam o estilo de camaradagem politica que roça o trafico de influencia bem característico de uma cultura vigente.

No entretanto os melhores (os melhores trabalhadores, os melhores funcionários públicos, os melhores empresários, as melhores empresas, as melhores intuições publicas, as melhores câmaras municipais, enfim, os melhores profissionais) desesperam porque o seu esforço e eficiência e foco são diluídos no crescente marasmo da incompetência reinante e na crescente exigência fiscal proveniente da facilidade com que os ignorantes que mandam aterrorizam a economia. Os recentes casos que envolvem as figuras mais altas da hierarquia do Partido Socialista são a demonstração do quanto o sistema em que funcionamos, está ultrapassado e não corresponde ao que o cidadão contemporâneo considera adequado e aceitável no modelo de governação.

Se algo de profundamente impactante o Presidente da República, que se tem manifestado muitíssimo preocupado com o resultado deste modelo, poderia incentivar consiste precisamente no afinar das regras de exigência para a ocupação dos cargos governativos.

O atual Governo constitui o expoente máximo na curta história da frágil democracia portuguesa da facilidade com que a incompetência manda.