Os confrontos no Sudão provocaram o encerramento de mais de metade dos hospitais da capital, assim como os das regiões periféricas, enquanto que os restantes correm o risco de encerramento devido à falta de pessoal médico e de abastecimento básico.
"Dos 59 estabelecimentos hospitalares da capital e das zonas adjacentes às áreas onde se verificam os confrontos, há 39 [hospitais] que se encontram fora de serviço", disse hoje o Sindicato dos Médicos do Sudão.
Entre os hospitais que deixaram de prestar serviços, nove foram bombardeados e 16 foram evacuados, disse ainda o sindicato sem se referir aos autores dos ataques.
Neste momento 20 hospitais estão a funcionar de forma total ou parcial, sendo que a maior parte só garante primeiros socorros.
Mesmo estes "estão ameaçados de encerramento por falta de médicos, abastecimento, material médico, água e energia elétrica", disse a mesma fonte sindical acrescentando que pelo menos cinco ambulâncias foram atacadas "por forças militares".
Outras ambulâncias foram impedidas de circular, mesmo quando transportavam doentes ou material médico destinado a centros hospitalares.
Na terça-feira à noite, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse através de um comunicado que as "informações de ataques militares contra instalações sanitárias, sequestro de ambulâncias com pacientes e médicos a bordo, pilhagem de instalações sanitárias e ocupação de hospitais por forças militares são profundamente preocupantes".
A OMS instou as partes em confronto a garantir o acesso seguro dos pacientes, pessoal médico, e ambulâncias aos hospitais,
"Os doentes precisam de aceder aos serviços de saúde não apenas para tratar de ferimentos mas também para serviços essenciais e vitais", disse ainda a OMS.
A Organização Mundial da Saúde recordou que a "segurança e os cuidados de saúde devem estar sempre protegidos, especialmente em situações de conflito, quando o acesso a serviços que salvam vidas são ainda mais importantes".
Na terça-feira, a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou o assalto das instalações de Nyala, no Darfur, no oeste do Sudão, por "homens armados que roubaram tudo" saqueando um armazém que guardava material médico.
De acordo com as Nações Unidas, um terço dos sudaneses – cerca de 16 milhões de pessoas – já necessitavam de ajuda humanitária de emergência no princípio do ano, sendo que 3,7 milhões dos quais são deslocados internos.
Pelo menos 270 pessoas morreram e mais de duas mil ficaram feridas nos confrontos entre o Exército do Sudão e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, de acordo com os dados da OMS.