O Lula e o Silva

A hipocrisia tornou-se na imagem de marca da sociedade política, tudo se permitindo à esquerda e procurando sancionar-se posturas similares, e até bem menos gravosas, mas praticadas à direita!

Lula é um escroque, do pior que a classe política à escala global conseguiu produzir.

Não tem coluna vertebral, tendo tornado a sua governação num autêntico lamaçal de corrupção, facto que conduziu à prisão de grande parte dos seus correligionários, incluindo ministros, bem como de ele próprio.

Safou-se graças às fragilidades do sistema de justiça do seu país, o que lhe permitiu ocupar de novo a mais alta magistratura do Brasil.

Mas, Lula é o Chefe de Estado do Brasil, eleito pelo seu povo em sufrágio directo e universal, sendo que compete aos brasileiros, se assim o entenderem, e não a nós, portugueses, contestar a legitimidade que eventualmente lhe poderá ser questionada para o exercício das funções para as quais foi escolhido.

O Brasil é o maior país de língua portuguesa e acolhe milhares de portugueses, em regime de reciprocidade, desempenhando, por estes motivos, um papel primordial na vivência da lusofonia.

Portugal só tem a ganhar em estreitar e reforçar as relações institucionais com o Brasil, razão pela qual são absolutamente desnecessárias, porque prejudiciais, quaisquer comportamentos que possam beliscar a sã convivência entre os dois países.

Quando Lula vem a Portugal em visita de Estado e é recebido no Parlamento, não é o cafajeste Lula, utilizando uma expressão bem brasileira, que se apresenta perante os deputados, mas sim o presidente do Brasil, que ali representa o seu povo.

Não posso, por este motivo, concordar com a forma de protesto que os deputados do Chega entenderam protagonizar na sede do poder legislativo, mas também não posso ignorar o comportamento ignóbil por parte de quem, assumindo-se ofendido, reduziu aquela casa ao nível mais baixo de que há memória.

A hipocrisia tornou-se na imagem de marca da sociedade política, tudo se permitindo à esquerda e procurando sancionar-se posturas similares, e até bem menos gravosas, mas praticadas à direita!

Vários Chefes de Estado, nomeadamente Ronald Reagan e D. João Carlos I, foram desrespeitados por deputados da esquerda radical, que, inclusive, abandonaram a sala, numa flagrante demonstração de desprezo pelos convidados do Estado português e que ali representavam os seus países, não se tendo ouvido, então, um murmúrio que fosse de reprimenda à vergonhosa atitude daqueles parlamentares.

Presidentes portugueses, como Cavaco e Marcelo, foram despeitados em plena assembleia nas suas tomadas de posse e em outras cerimónias solenes, pela única razão de não professarem os ideais do marxismo-leninismo, com os costumeiros paladinos do pensamento dominante a permanecerem sentados, num gesto de afronta a quem os portugueses, livremente, escolheram como seus máximos mandatários, sem que alguma vez tenham sido chamados à atenção pela falta de sentido de estado e má-criação que evidenciaram.

Mas desta vez, considerando que o motim se observou nas bancadas posicionadas à direita do espectro político, havia que agir de imediato e com firmeza.

Assim o entendeu o mestre de cerimónias do pardieiro de S. Bento e, sentado entre dois presidentes, certamente imaginando-se já um deles, com as faces avermelhadas de raiva e de dedo em riste, berrou na direcção dos deputados que logo catalogou como vergonhosos, verbalizando uma panóplia de ameaças.

Até Lula, sem dúvida incomodado com o comportamento rasca e ofensivo daquele que se arrasta como a segunda figura do Estado, procurou acalmá-lo, aconselhando-o a deixar estar as coisas conforme estavam, de acordo com as palavras do próprio irado personagem, proferidas durante o patético episódio registado pelas câmaras do Parlamento num dos corredores do hemiciclo.

Silva inspirou-se, tudo o leva a crer, no convidado de honra que se encontrava sentado à sua direita. Na verdade, partilha com Lula uma série de predicados, todos eles negativos, como arrogante, mal-educado, brejeiro, egocêntrico, arruaceiro, indelicado, conflituoso, autoritário e burgesso, entre muitos outros.

No entanto, o que mais os une é a circunstância de nenhum deles possuir  as necessárias qualificações para as funções que desempenha, porque, se a justiça dos respectivos países fosse efectiva, estariam legalmente impedidos de a exercer.

Lula, por estar atolado até ao pescoço em crimes de corrupção.

Silva, por ter sido cúmplice de Sócrates, de quem foi um indefectível ministro, na criminosa governação que conduziu o país à bancarrota e à consequente perda significativa de uma soberania quase milenar, por via da subjugação às imposições das instituições financeiras internacionais.

Acredito que Silva possa ostentar alguns atributos positivos, apesar de, sinceramente, não lhe ter ainda reconhecido um único, mas a inteligência não é, decididamente, um deles.

A exibição do número de palhaçada no circo de S. Bento, em que desempenhou o papel de actor principal, teve como único resultado dar completa visibilidade ao protesto encabeçado pelos deputados do Chega, os quais acabaram por não se verem forçados a empenhar-se decisivamente para que a mensagem tivesse chegado ao seu destino.

Basta recordar que todos os noticiários desse dia, nos diversos órgãos de comunicação social, concederam honras de abertura à iniciativa do Chega. O aniversário do golpe militar e a visita do Lula tiveram uma cobertura secundária, cedendo todo o protagonismo aos cartazes empunhados pelos parlamentares contestatários.

Se o objectivo de Silva, ao reagir como um qualquer ditadorzinho sul-americano,  não apenas naquele momento mas igualmente nos que se seguiram, seria o de pôr o Chega em sentido, nesse caso o tiro saiu-lhe pela culatra, acabando por ter precisamente o efeito contrário.

Silva está obcecado por um sonho, o de substituir Marcelo na cadeira de Belém! Não pensa noutra coisa e todo o seu comportamento é pautado por esse desígnio.

Infelizmente, para ele, não para nós, obviamente, Deus não lhe concedeu uma única das qualidades que se exige a um Chefe de Estado, mas sim o seu oposto: a inteligência, o saber, a educação, a presença e, sobretudo, o amor pela Pátria, pela sua História, pela sua cultura, pelas suas tradições e pelas suas gentes.

Já tivemos um Silva na presidência. Que o destino nos poupe de virmos a ter outro!