Cascais prepara-se para receber a Jornada Mundial da Juventude de 2023

A Jornada é uma grande lufada de esperança. Faz-nos acreditar que há futuro e que a humanidade continua a ter os seus valores e princípios bem presentes e vigorosos.

por Carlos Carreiras

Em 1982, eu era um jovem. Como eu, outros milhares de jovens, às dezenas de milhares, rumaram ao Parque Eduardo VII. Esse mês de maio é inesquecível, formador, duradouro, João Paulo II vinha em peregrinação a Portugal para cumprir a promessa de rezar a Fátima. Queria, nunca o escondeu, agradecer a proteção da loucura de Ali Agca, o turco que atentou contra a vida do Papa na Praça de São Pedro, um ano antes.

Lembro-me que o país parou para dar vivas ao Papa, em banhos sucessivos de multidão.

Mas como jovem com formação de base católica, ainda que à época numa fase mais rebelde e mais afastada dos valores da fé, o momento que mais me marcou foi a missa campal no Parque Eduardo VII. Pela comunhão de alegria, de devoção e de crença. Pela afirmação de que a fé católica e a liberdade, num país que nela dava os primeiros passos, não só vivem em harmonia como se reforçam mutuamente.

Aquela missa campal foi, para mim, o princípio da reconciliação. E foi também um marco para os jovens de então e para toda a comunidade, naquilo que viria a constituir-se como um movimento de profunda transformação da sociedade portuguesa.

A iniciativa causou uma impressão definitiva em João Paulo II.

Contagiado pela atmosfera de Lisboa, o Papa imaginou a realização da Jornada Mundial da Juventude. Em 1985, o primeiro encontro tinha lugar em Roma. A mensagem de João Paulo II ao colégio cardinalício era clara: «Toda a Igreja, em união com o sucessor de Pedro, tem de estar mais e mais comprometida, a uma escala global, com os jovens e os jovens adultos – com as suas ansiedades e preocupações, as suas esperanças e expectativas».

Recupero este episódio pessoal porque, Lisboa volta a ser palco de uma das maiores, mais poderosas e transformadoras manifestações através da fé: a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Depois de cidades como Sidney, Paris, Roma, Madrid, Rio de Janeiro, Buenos Aires ou Manila, a capital portuguesa junta-se à exclusiva lista de destinos da grande peregrinação da juventude católica.

Congratulo o Patriarcado de Lisboa, a Presidência da República, o Governo português e os municípios de Lisboa e Loures por saberem trazer para o nosso país este grande acontecimento. Que não é apenas um fenómeno cultural e económico à escala global, o que já não seria pouco.

A JMJ2023 acontece num momento especialmente sensível, depois de uma pandemia e com a guerra a voltar à Europa, factos que nos afetaram e afetam a todos, mas em especial os jovens.

A Jornada é uma grande lufada de esperança. Faz-nos acreditar que há futuro e que a humanidade continua a ter os seus valores e princípios bem presentes e vigorosos que levará os jovens a afirmar-se como essenciais nesse grande movimento que o Mundo tanto precisa de RE-humanização.

Cascais não pode ficar indiferente, razão pela qual, estamos totalmente comprometidos e empenhados em celebrar este momento único. Todos os departamentos, divisões e entidades municipais estão envolvidos de forma direta ou indireta na sua organização.

No passado mês de fevereiro, no âmbito da campanha ‘Cascais na Rota da JMJ’23’, foi apresentado um vasto trabalho e muitas iniciativas previstas para os próximos meses. Em paralelo, o município encontra-se a preparar, com a organização da JMJ’23, várias atividades de lazer, cultura, desporto, natureza, entre outros. Estima-se que, durante a jornada, o concelho de Cascais receba mais de 100 mil jovens por dia.

Tudo isto comporta uma logística muito forte, algo que nunca vivenciámos em Portugal, quer na região de Lisboa, quer em Cascais. Apesar de estamos habituados a grandes acontecimentos, nunca houve um desta dimensão. Estamos a trabalhar há um ano, mas agora é preciso envolver todo o Universo Municipal (mais de 25 unidades orgânicas da Câmara Municipal de Cascais). É fundamental articular esforços para que todos sejam bem recebidos neste que é o melhor sítio para viver um dia, uma semana ou a vida inteira.

Devemos ter em conta também que naturalmente sendo um evento religioso, ele também está aberto a todos e é uma oportunidade para Cascais fazer uma grande ação do ponto de vista promocional. Este impacto forte em termos de promoção do próprio Concelho, tal como refiro em várias intervenções públicas, vai criar maior e melhor atratividade, que por sua vez vai reforçar cadeias de valor, ao reforçar estas cadeias gera emprego e com isto, por fim, temos melhores condições para posteriormente podermos fazer todo o apoio no sentido de promover uma maior coesão social.

Cascais está mesmo e sem hesitações na Rota da Jornada Mundial da Juventude e vai celebrar com a juventude mundial este momento transformador num ambiente de grande alegria e responsabilidade.